
Incertezas e imprevisibilidades
O empreendedorismo no Brasil enfrenta um cenário desafiador, marcado por forte concorrência, instabilidade econômica e consumidores cada vez mais exigentes. Nesse contexto, o marketing se apresenta como uma ferramenta essencial para criar diferenciação, agregar valor e construir marcas sólidas. As teorias clássicas de Theodore Levit a Philip Kotler/Kevin Keller, consideradas a base do marketing moderno, continuam relevantes, mesmo diante do crescimento das mídias digitais e do avanço tecnológico. A análise comparativa entre as ferramentas tradicionais e as atuais permite compreender como o empreendedor brasileiro pode extrair o melhor de cada abordagem, criando estratégias híbridas de alto impacto.
O valor das ferramentas tradicionais de marketing
Kotler, em sua vasta obra, consolidou o marketing como disciplina estratégica, apresentando conceitos fundamentais como os 4Ps (Produto, Preço, Praça e Promoção). Essas ferramentas continuam oferecendo ao empreendedorismo no Brasil elementos estruturais para orientar decisões:
• Produto: entender as necessidades do consumidor, desenvolver diferenciação e inovar constantemente.
• Preço: política de precificação que considere custos, percepção de valor e sensibilidade do cliente.
• Praça (distribuição): escolha adequada dos canais para fazer o produto chegar ao mercado, desde lojas físicas até parcerias estratégicas.
• Promoção: comunicação para tornar o produto conhecido, envolvendo publicidade, relações públicas e promoção de vendas.
Esses pilares oferecem clareza e sistematização, permitindo que empreendedores — mesmo em mercados instáveis como o brasileiro — tenham um guia lógico e estruturado para tomar decisões.
Além disso, ferramentas tradicionais como pesquisa de mercado, segmentação e posicionamento ainda são fundamentais para compreender o público-alvo e desenhar estratégias eficazes.
O contraponto: marketing digital e novos canais
O avanço da tecnologia e a popularização das redes sociais mudaram radicalmente a forma como empresas se relacionam com seus consumidores. Plataformas como Instagram, TikTok, LinkedIn e WhatsApp se tornaram canais centrais de comunicação e vendas. As principais diferenças em relação ao modelo tradicional são:
• Alcance e custo: enquanto campanhas tradicionais (TV, rádio, outdoor) exigem altos investimentos, redes sociais permitem alcançar milhões de pessoas com custos mais baixos e alta segmentação.
• Interatividade: o consumidor deixou de ser apenas receptor; ele participa, comenta, compartilha e influencia a reputação das marcas em tempo real.
• Dados e mensuração: ferramentas digitais oferecem métricas precisas de engajamento, conversão e retorno sobre investimento (ROI), algo limitado nas mídias tradicionais.
• Velocidade: campanhas digitais podem ser criadas, testadas e ajustadas rapidamente, algo impensável em formatos como revistas ou TV.
• Conteúdo personalizado: estratégias de inbound marketing, marketing de influência e storytelling permitem construir uma comunicação mais próxima e autêntica.
Enquanto no arcabouço das pesquisas de Philip Kotler e Kevin Keller existe uma lógica estruturada e de longo prazo, as ferramentas digitais trazem agilidade, experimentação e maior proximidade com o consumidor.
Integração entre os dois mundos
Para o empreendedor brasileiro, a chave não está em escolher entre marketing tradicional ou digital, mas sim em integrá-los:
• Construção de marca (branding): conceitos clássicos de posicionamento e diferenciação continuam essenciais para dar consistência à comunicação digital.
• Estratégias omnichannel: combinar pontos físicos de venda (lojas, distribuidores) com canais digitais (e-commerce, marketplaces e redes sociais).
• Promoção híbrida: anúncios em rádio ou jornal local podem fortalecer a credibilidade, enquanto campanhas no Instagram ou TikTok ampliam o alcance.
• Pesquisa e dados: os métodos tradicionais de pesquisa podem ser enriquecidos com analytics digitais, oferecendo uma visão completa do mercado.
Essa integração fortalece a presença do negócio no mercado, permite atingir públicos diferentes e garante maior resiliência frente às mudanças econômicas e comportamentais.
Tudo junto e misturado
As ferramentas tradicionais de marketing, ancoradas nas obras de Philip Kotler/Kevin Keller, continuam sendo a espinha dorsal das estratégias empresariais, fornecendo ao empreendedor brasileiro disciplina, clareza e consistência. Ao mesmo tempo, o marketing digital trouxe velocidade, segmentação e interatividade, elementos indispensáveis em um mundo hiperconectado.
O empreendedor que deseja crescer no Brasil precisa aprender a unir esses dois mundos: estruturar sua estratégia com base nos fundamentos tradicionais e, ao mesmo tempo, explorar as possibilidades das redes sociais e dos canais digitais. Somente assim será possível transformar ideias em negócios sustentáveis, conquistar mercados e criar marcas fortes que resistam ao tempo.
Prof. Mário Augusto Teles
Economista e Especialista em Estratégias de Marketing
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