
Você sabia que aquilo que colocamos no prato pode interferir na concentração, no humor e até nas crises de uma criança com autismo ou TDAH? A alimentação vai muito além de matar a fome: ela nutre cada célula do nosso corpo e influencia também o comportamento, a atenção e as emoções. Esse impacto é ainda mais importante quando falamos de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O que são ultraprocessados?
São alimentos industrializados que passam por várias etapas de fabricação e recebem aditivos químicos para garantir sabor, cor e durabilidade. Corantes, conservantes, realçadores de sabor, excesso de açúcar, de sódio e de gorduras artificiais fazem parte dessa lista.
Eles estão no dia a dia de muitas famílias: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, embutidos, fast food, bolinhos prontos, refrigerantes e até alguns cereais matinais coloridos. A praticidade pode até seduzir, mas o custo para a saúde — especialmente para o cérebro — é alto.
Como os ultraprocessados afetam o cérebro?
Nosso corpo e mente estão conectados pelo chamado eixo intestino-cérebro. Isso significa que o que acontece no sistema digestivo impacta diretamente a forma como pensamos, sentimos e nos comportamos.
Veja alguns exemplos:
– Açúcar em excesso: causa picos de energia seguidos de quedas bruscas, prejudicando foco, memória e aumentando a irritabilidade.
– Aditivos químicos: certos corantes e conservantes estão associados a mais agitação, impulsividade e dificuldade de concentração.
– Gorduras trans: favorecem processos inflamatórios que comprometem o bom funcionamento do cérebro.
Ou seja: aquele lanche “inocente” pode estar alterando a química cerebral da criança.
Autismo, TDAH e maior sensibilidade
Crianças e adolescentes com TEA e TDAH costumam ser mais sensíveis a estímulos, inclusive os alimentares. Muitas vezes já enfrentam seletividade alimentar e questões gastrointestinais, e o consumo frequente de ultraprocessados pode agravar sintomas como:
– agitação,
– impulsividade,
– dificuldade de atenção,
– alterações no sono.
O que oferecer no lugar?
Não se trata de proibir, mas de substituir. Pequenas trocas já fazem diferença:
– Refrigerante → sucos naturais ou água saborizada com frutas.
– Salgadinho de pacote → pipoca caseira feita na panela.
– Biscoito recheado → bolinhos e biscoitinhos caseiros.
– Guloseimas → frutas oferecidas de forma criativa, em saladas, espetinhos, vitaminas ou receitas simples.
Do prato ao cérebro: uma escolha diária
Cada refeição é uma oportunidade de cuidar do corpo e do cérebro. Para famílias que convivem com o Autismo e o TDAH, reduzir o consumo de ultraprocessados e apostar em alimentos mais naturais pode contribuir para mais equilíbrio no comportamento, bem-estar e qualidade de vida.
Lembre-se: pequenas escolhas no prato podem abrir grandes caminhos no desenvolvimento.
Por Camila Maria Silva Leite
Nutricionista Materno Infantil, Especialista em Nutrição Funcional e Terapia Alimentar no Autismo e TDAH
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