
Uma alimentação equilibrada pode ser uma grande aliada no desenvolvimento e concentração das crianças com TDAH. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um desafio que vai muito além da agitação e da dificuldade de foco. Ele envolve aspectos emocionais, comportamentais e neurológicos que impactam diretamente a rotina da criança e da família.
Como nutricionista e especialista em seletividade alimentar no autismo e TDAH, vejo diariamente o quanto a alimentação pode contribuir de forma positiva nesse processo.
A conexão entre alimentação e atenção
O cérebro é um órgão que exige combustível de qualidade. Ele depende de nutrientes específicos para funcionar bem, manter a concentração e regular o comportamento.
Quando há carências nutricionais, excesso de açúcar, corantes ou ultraprocessados, o sistema nervoso tende a ficar mais instável, o que pode intensificar sintomas de desatenção, impulsividade e irritabilidade.
Nutrientes que fazem diferença
- Ômega-3 (DHA e EPA)
Encontrado em peixes como salmão, sardinha e atum, além de sementes de chia e linhaça. O ômega-3 melhora a comunicação entre neurônios e está ligado à melhora do foco e da regulação emocional. - Proteínas de qualidade
Ovos, carnes magras, feijão, lentilha e iogurte natural ajudam na produção de dopamina, neurotransmissor que favorece a motivação e a atenção. - Ferro e Zinco
Esses minerais participam da oxigenação cerebral e estão presentes em carnes, gema de ovo, castanhas e sementes. Deficiências podem prejudicar o raciocínio e o desempenho escolar. - Magnésio e Vitaminas do Complexo B
São fundamentais para o equilíbrio emocional e para o bom funcionamento do sistema nervoso. Verduras verde-escuras, abacate, banana e cereais integrais são excelentes fontes. - Frutas e vegetais coloridos
Além de ricos em antioxidantes, ajudam a combater processos inflamatórios no cérebro. Quanto mais cores no prato, melhor o equilíbrio nutricional.
O que devemos evitar
Alguns alimentos podem dificultar ainda mais a concentração, como:
- Açúcares e ultraprocessados, que causam picos de energia e irritabilidade.
- Corantes e aditivos artificiais, relacionados em estudos ao aumento da hiperatividade.
- Refrigerantes e cafeína, que prejudicam o sono e a regulação da energia.
E quando a criança é seletiva para comer?
Crianças com TDAH frequentemente apresentam seletividade alimentar. Nesse caso, o segredo está em respeitar o ritmo da criança, usar estratégias sensoriais, e introduzir novos alimentos de forma gradual, sem forçar. A paciência e a constância são aliadas fundamentais nesse processo.
Uma alimentação que nutre o cérebro e o coração
O cuidado nutricional é uma ferramenta poderosa no tratamento do TDAH. Uma alimentação equilibrada não substitui o acompanhamento médico ou terapêutico, mas complementa de forma essencial, ajudando na concentração, no humor e na qualidade de vida da criança.
Cuidar da alimentação é, também, cuidar do desenvolvimento, da autoestima e da autonomia da criança. E esse é um passo que começa à mesa, com amor, paciência e intenção.
Por Camila Maria Silva Leite – Nutricionista Materno Infantil, Especialista em Nutrição Funcional e Terapia Alimentar no Autismo e TDAH
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