
Gosto de pensar que sempre tenho razão. Eu sei de tudo. O tempo todo. Todos os lugares conheço. Vou e volto de e para tudo, paro e começo, sou largada, largo, parto e nasço de novo: a imensidão inteira num mesmo lugar, nunca saio de mim.
O leão que marca a simbologia dos meus números, útero predito, me diz que sou o centro, o meu e o do mundo. Tudo me vê. Sou posto à prova, bom ou mau, lá estou eu, num pedestal. E mesmo quando não tenho algo, diz-me o leão: não te deram por isso ou aquilo. Vê? Há sempre um motivo.
Não se pode aceitar a indiferença do ao redor, toda a barulheira insuportável do entorno, as coisas gritando meu nome e os dos outros, os ventos da natureza e as montanhas inescaláveis, criaturas imponentes, potentes, enormes, bichos. Nada disso é indiferente. Não pode ser!
Como são todos tão alheios ao pódio em que sempre subo, de onde nunca saí ou saio? Olhem para mim! Me vejam! Piada pronta.
O que há nas montanhas ou nos ventos com o meu nome? Onde há burocracias, aquelas ou outras, que me sussurram um guarda-chuva de certezas? De onde tiramos, minha psicose e eu, o saber de tudo ou a relevância? Estou no pódio, mas estão cegos; ou todos veem, e sou comum?
Patrick Torres – médico e escritor
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