
As projeções mais recentes do mercado financeiro brasileiro indicam que em 2026 a economia deve continuar crescendo, ainda que de forma moderada, e que a inflação deve permanecer em patamares controlados, mas acima do centro da meta, com expectativas de cerca de 4,1 % a 4,3 % no ano.
Os analistas também preveem uma redução gradual da taxa de juros (Selic) ao longo de 2026, com expectativa de chegar a cerca de 12% ao ano no final de 2026 — abaixo dos níveis atuais, porém ainda relativamente altos para padrões históricos.
Esses indicadores financeiros ajudam a orientar um planejamento pessoal sólido para evitar endividamento e fortalecer as finanças ao longo de 2026.
2) Entendendo o contexto para planejar melhor
Inflação ainda presente, juros em transição
A inflação projetada para 2026 permanece próxima de 4% (acima do centro da meta de 3%), indicando que o custo de vida seguirá aumentando, mesmo que mais lentamente que em anos anteriores.
Simultaneamente, o mercado espera que a Selic, taxa básica de juros usada como referência para crédito e investimentos, caia gradualmente ao longo de 2026 em direção a níveis próximos de 12%.
O que isso significa para sua vida financeira:
- Custos com juros de empréstimos e cartões podem continuar altos, especialmente no início de 2026.
- Gastos do dia a dia podem subir, mesmo que mais lentamente.
- Risco de endividamento piora se não houver planejamento cuidadoso.
2) Como usar o décimo terceiro salário de forma estratégica
Muita gente recebe o décimo terceiro salário no final do ano — seja integral ou parcelado — e acaba gastando grande parte sem pensar estrategicamente. Para um início financeiro forte em 2026, use o décimo terceiro assim:
- Priorize quitar dívidas caras
Dívidas como cartão de crédito ou cheque especial têm juros muito altos que podem corroer sua renda futura. Sempre que possível, use parte do décimo terceiro para quitar ou reduzir essas dívidas imediatamente.
- Monte ou amplie sua reserva de emergência
Especialistas recomendam ter o equivalente a 3 a 6 meses de despesas fixas guardados em aplicações de alta liquidez, como poupança ou títulos pós-fixados. Isso te protege de imprevistos em 2026, especialmente se os juros ainda estiverem altos.
- Invista com foco no curto e médio prazo
Se já não tem dívidas e já construiu uma reserva, direcione o restante para investimentos seguros que acompanhem os juros ainda elevados no início de 2026 — por exemplo, títulos atrelados à Selic ou índices de inflação. Essas aplicações tendem a “render mais” quando os juros estão altos.
3) Como evitar armadilhas de dívida em 2026
🔹 Evite o consumo por impulso
O mercado sinaliza inflação e juros ainda relevantes em parte do ano. Isso significa que, mesmo com juros tendendo a cair, crédito ainda será caro no início de 2026. Antes de comprar a prazo, pergunte-se: esse gasto é essencial?
🔹 Negocie prazos e custos do crédito
Se precisar usar crédito, negocie menores taxas de juros e prazos que você consegue cumprir. Compras parceladas podem parecer “apenas mais fáceis”, mas os juros embutidos podem tornar a dívida muito cara.
🔹 Priorize liquidez e segurança no curto prazo
Durante períodos de juros relativamente altos, investimentos com boa liquidez são vantajosos pois mantêm seu dinheiro seguro e disponível caso precise.
4) Planeje as despesas típicas de início de ano
Janeiro costuma trazer despesas extras: material escolar, IPTU, IPVA, matrícula e uniformes, além de possíveis viagens ou compromissos familiares. Para não ser pego desprevenido:
✔️ Faça um orçamento antecipado
Liste todas as despesas esperadas para janeiro e estime os valores. Isso ajuda a saber exatamente quanto precisa guardar até o final de 2025.
✔️ Separe dinheiro ao longo de 2025
Use o planejamento mensal para reservar uma parte da renda, de preferência antes de gastar com supérfluos. Isso evita depender de crédito quando as contas chegarem.
✔️ Use o décimo terceiro para antecipar despesas sazonais
Se você sabe que terá gastos altos em janeiro, destine parte do décimo terceiro ainda em dezembro para pagá-los antecipadamente ou já separar o dinheiro para isso.
5) Boas práticas para manter saúde financeira ao longo de todo o ano
- Controle mensal de orçamento
Registre todos os gastos e receitas mensais para saber com precisão onde seu dinheiro está indo. Isso evita surpresas e permite cortes inteligentes.
- Reserve uma parte para investimentos antes de gastar
Trate seus investimentos como uma despesa prioritária. Assim que receber salário, separe uma porcentagem para aplicar, evitando gastar tudo primeiro.
- Faça ajustes ao longo do ano
Se a inflação ou expectativa de juros mudar, revise seu planejamento financeiro. Flexibilidade é uma vantagem.
- Eduque-se financeiramente
Quanto mais você entende sobre juros, inflação e orçamento, melhores serão suas decisões com crédito e investimentos.
Em síntese
O cenário econômico projetado para 2026 sugere um ano de desafios moderados: inflação ainda presente, juros possivelmente em queda, mas ainda relevantes no início do ano, e crescimento econômico moderado.
Para manter suas finanças saudáveis, o foco deve ser:
- Quitar ou reduzir dívidas caras com o décimo terceiro;
- Criar ou fortalecer uma reserva de emergência;
- Planejar despesas sazonais (como janeiro);
- Evitar crédito desnecessário e consumo por impulso;
- Guardar e investir antes de gastar, revisando o plano conforme o ano avança.
Com disciplina e foco, 2026 pode ser um ano de maior segurança financeira e menor endividamento.
Mário Augusto Teles
Economista
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