
Na última quinta (30) foram divulgados dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) referentes ao desemprego no país e os dados são alarmantes. Apesar do ar de contentamento em torno da ideia de retomada da normalidade “pós pandemia”, estes dados revelam uma face preocupante do país: uma grande parcela da população, bem mais do que indicado pela Pesquisa, não retornará ao que era considerado normal em contexto pré-pandêmico, mesmo sabendo que a situação no país já era deveras preocupante.
A Pnad Contínua revelou que aproximadamente 14,1 milhões de brasileiros estão sob condição de desemprego (7,33% superior ao mesmo período do ano passado). Este número já seria muito preocupante em “contextos normais”, porém não reflete o real problema da população brasileira em meio à pandemia. Isto ocorre por dois fatores: primeiramente, uma mudança metodológica no cálculo do desemprego, que passou a incluir trabalhadores temporários, o que inflou a amostra em um falso entendimento sobre a ocupação da população. Segundo, em virtude da necessidade de isolamento social e da restrição orçamentária para pesquisas públicas no país, há muita subnotificação nas pesquisas da Pnad, o que revela que o número de desempregados no país deve ser ainda maior que o indicado na pesquisa para o segundo trimestre de 2021.
Por outro lado, o desemprego no país evidencia-se como um problema crônico, pela perda de confiança das pessoas em relação o futuro que simplesmente as faz desistir de buscar empregos. Somado a estes desalentados, aproximadamente 11 milhões de brasileiros são “uberizados”, dependendo de renda de aplicativos para compor seus recursos mensais, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva.
Este último fenômeno, da uberização, é muito interessante e merece uma abordagem mais profunda, que deve ser feita em momento oportuno. Todavia, é importante destacar que compromete grande parcela da população, que encontra muitas dificuldades em retornar à sua “normalidade” em busca de empregos formais. Infelizmente, para bem mais que 14,1 milhões de brasileiros, o “pós pandemia” não reflete uma volta a normalidade, até porque a pandemia não acabou, não é mesmo?
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