Kelvyn Coutinho
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A Prefeitura de Cajueiro da Praia, município localizado na região do litoral piauiense, solicitou apoio da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) e do Comando Geral da Polícia Militar para aumento do efetivo de policiamento na cidade e envio da Força Estadual, após episódios recentes de violência na cidade.
No ofício enviado ao secretário de Segurança, Rubens Pereira, o prefeito Felipe Ribeiro (Republicanos) pede ainda a implantação de uma delegacia regional na cidade e a nomeação de um delegado, devido a Cajueiro da Praia ter um grande fluxo de pessoas por ser um importante destino turístico do estado e a delegacia mais próxima estar a 60 km de distância, localizada em Luís Correia.
“Haja vista o aumento dos casos de violência na cidade, causada por uma guerra de facções criminosas, solicitamos com urgência o envio da Força Estadual de Segurança para o município”, menciona o ofício.
O gestor reiterou que o número de policiais militares que atuam no município seria insuficiente para conter a violência, visto que os policiais estão lotados na comunidade Barra Grande, enquanto os índices de criminalidade estão aumentando no centro da cidade. Felipe Ribeiro solicitou ainda o apoio da Polícia Federal para atuar na investigação envolvendo tráfico de drogas e confronto de facções entre Cajueiro da Praia e os municípios cearenses que fazem divisa com o litoral piauiense.
Nesta quarta-feira (3), um tiroteio foi registrado em Barra Grande e na terça-feira (2) um homem foi morto a tiros dentro de uma casa em Cajueiro da Praia.
Segundo o tenente-coronel Erisvaldo Viana, que comanda a operação da PM na cidade, policiais do Batalhão de Operações Especais (Bope) e do Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) foram deslocados até o município para reforçar a segurança. No total, são 20 homens da PM e mais policiais civis da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) que estão atuando na região e devem ficar por tempo indeterminado.
“Um carro que passou com três meliantes deram tiros para cima, no centro de Barra Grande, que não atingiram ninguém. Há uma série de áudios fake news para aterrorizar o povo. Estamos no controle, ninguém entra e ninguem sai da cidade sem nossa vistoria. Os comércios estão funcionando e já falamos com a secretária de saúde para tudo voltar a funcionar amanhã: prefeitura, postos de saúde e colégios”, informou o tenente-coronel.
Polícia tranquila empreendedores
Circulam pelas redes sociais áudios de moradores e comerciantes preocupados com a violência na sede do município, no entanto, empreendedores de Barra Grande afirmam que a Polícia Militar entrou em contato com os donos de pousadas e comércios do local para tranquiliza-los e orientar contra o crescimento da “cultura do medo”.
“Aqui em Barra Grande não ouvimos tiros. Alguns áudios foram compartilhados de gente chorando, mostrando os tiros, mas eu não ouvi. A gente também não recebeu nenhuma orientação de fechar comércio, nem da polícia e nem da prefeitura. Sabe-se que teve um tiroteio em Cajueiro e apontaram dois lugares aqui em Barra Grande, perto do mercadinho e da escola”, conta Iêda Vilela, proprietária de uma pousada em Barra Grande.
Mara Mualem, que também é proprietária de uma pousada, contou que a informação que circula na região é que uma facção que atua em Cajueiro tem circulado por Barra Grande tentando dominar as regiões onde acontece o tráfico de drogas na localidade.
“É mais a cultura do medo mesmo, a gente sabe que é uma facção perigosa entre eles, mas para a comunidade eu não vejo gente do bem morrer, não vejo assalto, não vejo nada disso. Existe uma briga entre eles [membros da facção], é um assunto isolado entre eles. Quando o major Palhano esteve aqui conversando com os empresários de Barra Grande, ele foi categórico em dizer: ‘não se preocupem com o que eles estão querendo fazer, tem muito ladrão de galinha tentando fazer disso um negócio grande para eles continuarem fazendo pequenos furtos nas casas e diz que é culpa do tráfico, mas não é nada disso’. O que a polícia tem passado para a gente é muita segurança, que está tendo muito policiamento e que existe uma inteligência por trás e nós sabemos o que está acontecendo”, disse a empresária.