4 de julho de 2025

Transporte público continua “demorado e inseguro” após decreto de calamidade

Thálef Santos

Publicado em 17/03/2022 19:00

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Ônibus em Teresina (Foto: Reprodução/TV Clube

Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com

Os usuários do transporte público de Teresina continuam sofrendo com falta de frotas e qualidade dos veículos, mesmo após o prefeito , Dr. Pessoa, revogar o decreto de calamidade pública no transporte coletivo.

O documento assinado em 28 de outubro do ano passado, com prazo de 180 dias, foi revogado nesta segunda-feira (14).

O decreto esteve em vigor durante 138 dias. Nesse período, muitas greves ocorreram no setor. Ao iniciar a paralisação, em outubro de 2021, a categoria reivindicava a regularidade na jornada de trabalho, que é de 7h20 por dia. Com a regularidade, a diária de trabalho, o salário e os benefícios poderiam ser normalizados. Os trabalhadores recebem diária de R$ 30 e muitos passaram a viver de doações, já que alguns chegam a receber R$ 500 por mês.

Como as demandas do setor não foram atendidas, o transporte público continua em desfalque, mas funcionando nas condições possíveis. Os teresinenses que precisam utilizar o meio de locomoção durante a noite relatam que neste horário o transporte fica ainda mais difícil.

Ônibus em Teresina (Foto: Ravi Marques/TV Clube)

Reclamações

A estudante, Renata Graziele Soares, estuda no turno da tarde e conta que, como existe apenas uma linha de ônibus para o seu trajeto, ela vive uma luta diária com o transporte para poder estudar. “O ônibus que eu pego só tem um circulando, demora muito pra ele passar e bate com os horários da escola. Não tem horário, eu chego duas horas antes na escola. É um ultraje (ofensa) porque, tecnicamente, é a gente que paga por isso”, afirma.

Outros estudantes que também saem da escola durante a noite, reclamam da demora e da insegurança de passar tantas horas em locais abertos neste horário. Os usuários do transporte alegam que o intervalo entre os ônibus é muito longo. Além da insegurança, durante a noite também falta iluminação nas estações, que facilita a ação de criminosos nesses locais.

Márcia Rocha é técnica em enfermagem e afirma: “se não chegar antes de sete horas (da noite), só vai passar depois de oito e meia, nove horas, que vai ter um ônibus pra gente ir embora”. Passageiros também relatam que nos feriados e fim de semana, o transporte público é “praticamente inexistente”.

Márcia Rocha, técnica em enfermagem. (Foto: reprodução)

Pronunciamentos

O secretário de comunicação de Teresina, Lucas Pereira, afirma que a revogação “não exime a prefeitura de continuar pensando dia e noite em formas de entregar um transporte público de qualidade à população”.

Do ponto de vista dos empresários do setor, o decreto não era considerado legal. A consultora jurídica do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), Naiara Moraes, fala que a prefeitura não poderia ter aplicado o decreto no transporte. Ela afirma que a própria prefeitura é a causa da calamidade e, por isso, o decreto não tinha sentido.

O secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (Sintetro), Cláudio Gomes, informa que a categoria continua com esperança. “A gente espera que dê certo, mas pra gente aqui, nesses 180 dias, não sentimos muita diferença não”, finaliza.

secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (Sintetro), Cláudio Gomes. (Foto: arquivo ClubeNews)

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*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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