22 de agosto de 2025

Preços ao consumidor têm deflação em julho puxados pelos combustíveis; alimentos sobem

Lucy Brandão

Jornalista
Publicado em 10/08/2022 10:55

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Supermercado (Foto: Valter Conpanato/ Agência Brasil)

Após 25 meses seguidos de alta, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,68%, em julho. A explicação para a queda vem do recuo dos preços dos combustíveis e energia. Enquanto isso, o preço dos alimentos e bebidas continua em alta e acumula quase 15% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A variação negativa nos preços dos combustíveis e energia foi provocada pela queda nos preços praticados nas refinarias da Petrobras e também a redução das alíquotas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) aplicada com a aprovação da Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho.

Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. O recuou do preço gasolina, item de maior peso individual sobre o IPCA, representou o impacto mais intenso entre os 377 subitens que compõem o índice (-1,04 ponto percentual). O custo da energia residencial teve queda de 5,78% e o preço do gás de botijão recuou 0,36%.

O gosto amargo do leite

Segundo economistas com quem o portal ClubeNews conversou, a deflação registrada em julho não é motivo de comemoração, já que na mesa e no bolso do brasileiro, itens que compõem a cesta básica continuam subindo. O leite longa vida registrou ata de 25,46% no mês e leites e derivados tiveram aumento de 14,06%, pressionando a alta de 1,30% para o grupo.

De acordo com o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, o grupo teve a maior variação positiva no mês, após subir 0,80% em junho, impactado pelo período de entressafra do leite, que está sendo mais forte do que nos últimos anos, e também pelo aumento do custo aos produtores, incluindo transporte e energia elétrica.

“Essa alta dos preços do leite é explicada pelo período de entressafra, que vai de março até setembro, outubro, quando as pastagens estão mais secas e prejudica a oferta do produto. Mas também por uma alta dos custos ao produtor, como o de ração animal, principalmente soja e milho, e de fertilizantes e outros insumos. Vamos lembrar que dois grandes exportadores de insumos agrícolas são a Rússia e a Ucrânia, então a exportação foi prejudicada com o advento da guerra no início do ano.”

Em junho, o leite longa vida já havia subido 10,72%. No acumulado do ano o produto ficou 77,84% mais caro e em 12 meses a alta é de 66,46%. Também subiram em julho derivados como o queijo (5,28%), a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%). Com a alta do leite, a alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,26% em junho para 0,82%.

Outros alimentos como as frutas tiveram alta de 4,40% no mês e acumulam aumento de 35,36% em 12 meses. Por outro lado, tubérculos, raízes e legumes tiveram queda de 15,62% em julho, com destaque para o tomate (-23,68%), a batata-inglesa (-16,62%) e a cenoura (-15,34%). Porém, no acumulado de 12 meses o tomate ficou 7,45% mais caro, a batata-inglesa 66,82% e a cenoura está custando 37,82% a mais do que há um ano. A cebola acumula alta de 75,15% no período.

O IPCA contempla nove grupos de produtos e serviços. Apenas vestuário subiu mais que alimentação e bebidas até julho, registrando alta de 16,67%.

Transporte

Segundo o IBGE, a queda no IPCA foi puxada pela redução no preço dos combustíveis, já que em julho a gasolina caiu 15,48%, o etanol teve redução de 11,38% e o gás veicular ficou 5,67% mais barato. O grupo transportes passou de 0,57% em junho para -4,51% em julho. O acumulado do ano registra -1%

Por outro lado, também dentro do grupo transporte, o preço das passagens aéreas contribuiu com o segundo maior impacto positivo no índice, com alta de 8,02% no mês e de 77,68% no acumulado de 12 meses.

“Os preços vêm subindo desde abril, o que está relacionado ao aumento do querosene de aviação, à variação cambial, já que houve uma valorização do dólar frente ao real, e um aumento na demanda, com a retomada do setor de serviços com a melhora no cenário da pandemia, em especial alguns serviços ligados ao turismo”, explicou Kislanov.


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