
Lucy Brandão
lucy@tvclube.com.br
Desde a última terça-feira (9) as notícias econômicas não falam outra coisa, tudo é sobre essa tal de “deflação”. Mas o que isso significa? Ela é boa ou ruim para a economia brasileira? O Portal ClubeNews explica.
Em economia, o termo deflação representa a queda nos preços de produtos e serviços em determinado período. É um movimento contrário ao da inflação, quando os preços sobem. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,68%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa foi a maior queda desde o início da série histórica do IBGE, em janeiro de 1980. Veja abaixo as únicas 15 vezes que o Brasil registrou deflação.
O índice negativo para o principal indicador inflacionário do país animou muita gente, mas é necessário entender o contexto em que esse resultado se apresenta antes de cantar vitória para a economia brasileira.
O Supervisor de Disseminação de Informações do IBGE no Piauí, Eyder Mendes, explica que a deflação de julho é momentânea e provocada especificamente pela redução de impostos incidentes sobre produtos como combustíveis e energia. “O que a gente percebe é que o registro foi pontual por conta da legislação tributária que reduziu por consequência o preço dos combustíveis. Não foi uma deflação clássica”.
Alimentos e bebidas, por exemplo, continuaram em alta e esse é o grupo de produtos que mais impacta o bolso da parcela mais vulnerável da população. Sobre o preço dos combustíveis, Eyder explica que a queda pode ter reflexo no valor dos alimentos nos próximos meses.
“O impacto no custo generalizado, que depende do custo energético, vem com uma redução no segundo momento. Mesmo que não seja uma queda tão grande, porque o combustível é apenas um item dos demais custos na formação de preços. Mas há uma expectativa de queda nos preços de outros produtos e serviços por conta dessa redução dos combustíveis”, afirma.
Entenda
Para os consumidores, deflação pode parecer uma boa notícia, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. Mas uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. Isso porque quando a deflação se prolonga por vários meses pode ser um sinal de debilidade da atividade econômica.
Eyder Mendes explica ainda que já se fala em nova deflação para o resultado do IPCA de agosto por conta do diesel, que impacta em muitos outros preços. “Isso pode refletir no serviço de Uber, serviço de entrega, transporte de mercadorias em longa distância e o preço das frutas pode ter queda já no próximo mês por conta do transporte”.
O preço dos combustíveis foi o principal fator que puxou o IPCA para baixo em julho. A deflação de 0,68%, em julho foi provocada principalmente pela queda de 15,48% na gasolina e 11,38% no etanol. O custo da energia residencial teve queda de 5,78% e o preço do gás de botijão recuou 0,36%.
O portal ClubeNews fez a simulação do gasto com gasolina para uma pessoa que precisa abastecer um tanque de 45 litros de combustível. Com a gasolina custando R$ 7,79 por litro em junho, o custo para encher o tanque chegava a R$ 350,55. No final de julho, quando o litro da gasolina caiu para R$ 5,65 essa mesma pessoa passou a gastar R$ 254,25 – o que representou uma economia de 27,47% no custo por tanque.
“Eu mesmo cheguei a economizar quase R$ 100 ao abastecer meu carro. Já é um alívio no bolso”, declara o Supervisor de Disseminação de Informações do IBGE.
Veja os meses em que o Brasil registrou deflação desde o início do Real, segundo o IBGE:
Agosto/1997: -0,02%
Julho/1998: -0,12%
Agosto/1998: -0,51%
Setembro/1998: -0,22%
Novembro/1998: -0,12%
Junho/2003: -0,15%
Junho/2005: -0,02%
Junho/2006: -0,21%
Junho/2017: -0,23%
Agosto/2018: -0,09%
Novembro/2018: -0,21%
Setembro/2019: -0,04%
Abril/2020: -0,31%
Maio/2020: -0,38%
Julho/2022: -0,68%
Lei também:
Preços ao consumidor têm deflação em julho puxados pelos combustíveis; alimentos sobem
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