
Wesley Igor Gomes*
wesleygomes@tvclube.com.br
Ir ao Centro de Teresina e fazer uma paradinha para lanchar a famosa dupla pastel com caldo de cana é, certamente, uma tradição na cidade. Entre uma esquina e outra, é possível encontrar algum estabelecimento vendendo essa deliciosa iguaria que, além de refrescar os dias quentes, reaviva memórias afetivas da população.
Apaixonada pela dupla desde pequena, a aposentada Maria Luiza Sousa, que está prestes a completar 80 anos, conta que o alimento a faz recordar de momentos ao lado do pai. “Ele me levava para rua e eu ficava: pai, eu quero aquele ali! Pronto, fui crescendo e crescendo. Meu pai foi trabalhar e eu não tinha com quem vir comigo para cá, aí eu chorava”, expressou.

Agora, a filha de Maria Luiza, a advogada Ioná Sousa é quem a leva, em todos os passeios pelo Centro, para saborear a dupla. Elas já possuem, até mesmo, uma pastelaria favorita.
“Esse ponto aqui já é bem conhecido e próximo ao Centro de Teresina. Eu prefiro (pastel e caldo de cana) do que comer outro lanche com refrigerante. É muito melhor um caldo de cana feito na hora, saudável e geladinho”, disse.
A sensação de nostalgia que a população teresinense sente pela dupla é resultado do amor que muitos cozinheiros põem na hora do preparo, como é o caso de Raimunda Nonato, pasteleira há mais de 30 anos. “Amor, em primeiro lugar, e depois os temperos. Primeiro lugar o amor. A minha profissão eu faço com carinho, gosto demais disso aqui”.

De São Paulo para Teresina
Foi após uma experiência, na qual não o agradou tanto, em São Paulo, que o marido da comerciante Elenilde Lima retornou para Teresina com a ideia de abrir um negócio que vendesse pastel e caldo de cano. Ela comenta que o esposo já observava o sucesso do combo na maior metrópole do país.

“Lá ele não se deu bem, não gostou, queria vir embora pro Piauí, ficar com a família, com a sua mãe. Ele sempre pensava em ser empresário. Quando ele chegou aqui, trouxe de lá o caldo de cana que ele viu e que funcionava bem lá e o pastel. Foi tudo ele quem começou”.

Origem da dupla
A origem do pastel é rodeada de duas grandes hipóteses, ambas apontando a Ásia, mais precisamente os países Japão e China, como criadoras. Imigrantes dessas sociedades que vieram para o Brasil, durante a 2ª Grande Guerra Mundial, que popularizaram a comida.
Já o caldo de cana ou garapa, como é conhecido em outras regiões, é uma bebida obtida a partir da cana-de-açúcar originária da Nova Guiné. De lá, a planta ganhou o mundo, chegando até o Brasil com a vinda dos portugueses, durante o processo de colonização.
A história por trás da junção entre pastel e caldo de cana se perdeu no tempo, como aponta Pablo Josué Carvalho, historiador, mas há várias suposições. “Podemos pensar em algumas hipóteses, algumas delas apontam o valor de mercado já que são dois produtos bastante populares, o que permite que várias camadas possam consumir”, destacou.
*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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