8 de junho de 2025

CNJ lança ferramenta de auxílio para realizar adoção com fotos e descrições

Thálef Santos

Publicado em 18/09/2022 14:00

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Foto: Thinkstock

Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com

Muitas crianças perdem a chance de serem adotadas por não corresponderem aos requisitos pedidos pelos adotantes, mas há uma nova forma de aproximar os adotantes das crianças e mudar esse cenário que se instala em Teresina, mesmo com 30 vezes mais pretendentes que crianças aptas à adoção. A plataforma do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) possui agora uma ferramenta de Busca Ativa com descrições, fotos e vídeos dos meninos e meninas que estão em acolhimento no país.

A ideia da busca ativa é justamente possibilitar o encontro entre pretendentes habilitados e as crianças que tiverem esgotadas todas as possibilidades de buscas nacionais e internacionais de famílias compatíveis com seu perfil no SNA.

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, destacou que a disponibilização das informações será sempre precedida de autorização judicial e de manifestação de interesse do adolescente ou da criança, quando forem capazes de autorizar a utilização de dados e imagem.

O presidente do Fórum Nacional da Infância e da Juventude (Foninj) e conselheiro do CNJ Richard Pae Kim destacou que a funcionalidade deve garantir a preservação da identidade e da imagem das crianças e adolescentes, com a apresentação apenas do prenome, idade e estado do acolhimento. Apenas os pretendentes devidamente habilitados terão acesso à busca ativa.

Para ampliar as chances de adoção, a busca pelo SNA continuará a ser feita, enquanto não for realizada a vinculação por busca ativa. “Com a possibilidade de acessar as informações das crianças, os pretendentes podem ser sensibilizados pelos sonhos dos meninos e meninas que aguardam por uma família. O objetivo é aproximar a vontade dos pretendentes pela paternidade ao desejo das crianças de fazerem parte de uma família que as acolha”, afirmou Pae Kim.

Imagem de tela da busca ativa do sistema de adoção do CNJ – Foto: Agência CNJ de Notícias

Funcionamento
A implementação da ferramenta foi dividida em duas etapas: a primeira delas – concretizada em maio deste ano – permitiu que as unidades judiciárias indiquem as crianças e adolescentes que estão disponíveis para busca ativa, com a possibilidade de inclusão de fotos e vídeos. Na segunda etapa, que inicia agora, essas informações serão disponibilizadas aos pretendentes, com acesso restrito. Desde maio, cerca de 200 crianças e adolescentes foram indicadas pelas Varas de Infância e Juventude para a Busca Ativa.

Para a pesquisadora do Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ e gestora negocial do SNA, Isabely Mota, a nova fase do projeto é uma “oportunidade para que mais de duas mil crianças que não conseguem ser vinculadas pelos sistemas – por serem mais velhas, com doenças, deficientes ou grupos de irmãos – conseguirem uma família”.

Todo o material visual no sistema é acompanhado por marca d’água com as informações do nome e CPF das pessoas que realizam a consulta, o que evita a divulgação indevida de dados. Cabe à equipe técnica do serviço de acolhimento, em articulação com a rede protetiva e a equipe técnica judiciária, realizar o trabalho psicossocial de preparação da criança ou do adolescente para sua disponibilização por meio da busca ativa.

Estatísticas nacionais
De janeiro a agosto de 2022, foram registradas mais de duas mil adoções pelo sistema. Destas, 47% eram pardas, 39,3% brancas e 10,3% pretas. Das crianças adotadas, 550 tinham até 2 anos de idade e apenas 51 tinham de 14 a 16 anos. Ainda assim, no país, mais de 4 mil acolhidos aguardam ser adotados. Desses, aproximadamente 2,3 mil não conseguem encontrar pretendentes interessados em sua adoção: são crianças mais velhas, que fazem parte de grupos de irmãos ou, ainda, com doenças ou deficiências.

Em Teresina, dados disponibilizados pela 1ª Vara da Infância e Juventude de Teresina revelam que, atualmente, existem 298 pretendentes habilitados para adoção, mas há apenas 10 crianças aptas a serem adotadas. A juíza titular da Vara, Maria Luiza, informa que um dos motivos é a idade das crianças, que geralmente não são aceitas quando possuem mais de três anos de idade e acabam passando mais tempo a espera da adoção.

*Sob supervisão da jornalista Lucy Brandão.

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