29 de julho de 2025

“Arriscam a vida por um celular”, diz delegado sobre frequentes furtos e roubos do aparelho

Thálef Santos

Publicado em 21/10/2022 14:10

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Samu e Polícia atendem feridos em troca de tiros durante tentativa de assalto em Parnaíba – Foto: arquivo ClubeNews

Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com

“Você vê que a vida do ser humano, até do bandido, perdeu o valor. Arriscar a vida por conta de um celular”. A reflexão é do delegado regional de Parnaíba, Willames Pinheiro, após duas pessoas morrerem durante uma tentativa de assalto no Centro da cidade, na quinta-feira (20). A vítima e o suspeito de assaltá-la morreram no local. Outro suspeito e uma moça também ficaram feridos.

O delegado comenta que “o celular hoje é um objeto que não deveria mais ser roubado ou furtado. O sistema de localização de celular já é bem avançado”.

Willames esclarece que a receptação de objetos roubado também é um ato criminoso que alimenta o mercado ilegal.

“‘Ah eu fui enganado”, não! Você é um criminoso. É igual usuário de droga, que só quer saber de usar a droga dele e ainda alimenta o mercado do traficante”, conta.

Além do sistema de localização dos celulares apontar os suspeitos do roubo ou furto, os receptadores – que compram ou guardam esses produtos – também podem ser encontrados e punidos, diz o delegado. “O pessoal que compra celular roubado é bom ficar atento. Quase todos os dias encontramos receptadores com celular em casa”.

PENALIDADE

O delegado acrescenta que para existir o tráfico é preciso o dependente químico; para haver o roubo é preciso o receptador. “É muito raro encontrar um assaltante com o celular, o carro ou a joia que ele roubou. Ele sempre passa para terceiros. Conto as vezes, em 22 anos de polícia,  que encontrei um assaltante com um objeto roubado para uso próprio”.

O crime de receptação tem pena de no máximo quatro anos enquanto o crime de roubo ou furto pode levar de 10 a 15 anos, a depender das circunstâncias da ocorrência.

“PODE SER VOCÊ”

O delegado pede a compreensão da população para reduzir a criminalidade. “É necessário que a sociedade também nos ajude. Não compre objeto roubado porque a gente vai prender você. Espero que isso chegue ao máximo de pessoas para não fazer isso porque a moça que morreu pode ser você, seu filho, seu pai amanhã”.

Por causa desse tipo de crime, o Piauí foi incluído há um ano na Rede de Observatórios da Segurança Pública, órgão que monitora a intensidade da violência nos estados brasileiros. Dos 780 crimes praticados contra a vida no Piauí, mais de 10% são da região Norte do estado.

Os dados do Observatório apontam que de quase 100 mortes violentas registradas no Norte do Piauí, a maioria atinge o público de 13 a 39 anos. “Entre os meses de janeiro e setembro de 2022, já registramos 91 casos de morte violenta nesta região de quatro cidades do Norte (do estado)”, disse o sociólogo Carlito Lins.

POLÍTICAS PÚBLICAS

A Secretaria de Estado da Segurança Pública informa que para enfrentar os crimes no litoral foi criada a Força Integrada de Segurança Pública, formada por representantes de todas as polícias.

O secretário de Segurança, Rubens Pereira, diz que o estado caminha para um trabalho de políticas públicas que possam diminuir a quantidade de jovens envolvidos nos crimes.

“Estamos tentando implantar no Piauí alguns centros de convivência para trazer ocupação para a juventude, principalmente de 15 a 29 anos. É necessário políticas de prevenção e estamos chamando atenção dos municípios para serem observadores quanto aos jovens para não serem atraídos pela violência”, afirma.

Secretário de Segurança Pública de Parnaíba, Rubens Pereira – Foto: arquivo ClubeNews

*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso.

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