13 de novembro de 2025

“Sua mãe está aqui com você”, diz aposentada que cuida e visita túmulo do filho

Atualizado em 02/11/2022 11:00

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Carmen Lúcia de Paula visita e cuida frequentemente do espaço onde seu filho está enterrado. (Foto: Carlienne Carpaso/ ClubeNews)

Amor de mãe além da morte, em forma de cuidado e orações. Há quase seis anos, a professora aposentada, Carmen Lúcia de Paula, sobrevive a uma das piores dores que uma mãe pode sentir: a perda de um filho.

Para Carmen, ir ao cemitério e cuidar do espaço onde o corpo do filho está enterrado é uma forma de carinho e de acalentar a saudade. De dizer: “sua mãe está aqui com você”.

Claudemir de Paula, filho da Carmen, foi morto a tiros no dia 6 de dezembro de 2016, no bairro Saci, zona Sul de Teresina. Oito pessoas foram denunciadas pelo assassinato. Dessas, até hoje, apenas uma foi condenada. Os demais aguardam o julgamento em liberdade ou já morreram.

“Vir ao cemitério acalma meu coração. Quando fico alguns dias a mais sem vir, bate a angústia. Eu venho e fico mais perto dele, faço as minhas orações, e sempre tento deixar tudo aqui limpo e bonito. Eu tenho que cuidar desse espaço, é meu filho que está aqui. Quero que ele se sinta amado. Para mim, visitar e deixar a lápide dele bonita é uma demonstração de amor. É uma forma de cuidar do meu filho, mesmo sem vê-lo fisicamente. De dizer que estou aqui”.

Da troca de flores a manter a vela sempre acesa, esses são alguns dos hábitos que ela mantém todos esses anos. A família do Claudemir já trocou a lápide por duas vezes para manter o local bonito a quem for visitá-lo. Recentemente, os familiares colocaram lâmpadas para grama e uma proteção de vidro. Carmen conta que pelo menos uma vez ao mês lava a lápide e passa produto específico para manter o crucifixo brilhoso.

“Tenho essa preocupação de manter a vela na sepultura do meu filho acesa. No cemitério onde ele está enterrado existe um local só para isso. É manter a luz acesa para guiar o caminho dele, para que ele sempre tenha essa luz. Quando vejo que as flores já estão com a cor desbotando, por causa do sol, já compro umas novas. Quando se perde quem se ama, ir ao cemitério vira uma rotina. É doloroso, mas a gente aprende a lidar com isso”.

 

(Foto: Carlienne Carpaso/ ClubeNews)

LUTO: PROCESSO INDIVIDUAL 

O psicólogo Carlos Aragão, especialista em tanatologia, que é o estudo científico da morte e do luto, explica que o luto é um processo psicológico individual pelo qual passa uma pessoa que sofreu uma perda significativa, que vai desde a morte de um ente querido ou animal de estimação a uma perda simbólica que pode ser uma separação conjugal ou perda de emprego.

Carlos Aragão comenta que não existe tempo cronológico para que a pessoa supere o luto, pois o tempo é individual, assim como os rituais criados e desenvolvidos pela pessoa enlutada.

“Por exemplo, pessoas que têm o ritual de visitar e cuidar túmulos nos cemitérios, guardar objetos, tudo isso tem seu tempo de elaboração e precisa ser respeitado. O mais importante é que a pessoa enlutada faça as experiências que façam sentido para ela, pois cada tipo de perda traz uma especificidade no tipo de luto”.

É válido ressaltar que o luto é um processo multidimensional que pode afetar várias das dimensões do ser humano, incluindo emocional, cognitiva, espiritual e física.

“Cada um tem o seu tempo de elaboração, processamento e ritmo da dor da perda, isso em função de características, personalidades, histórias de vida, temperamentos, que podem influenciar no processo de luto”, conta o psicólogo.

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