
Carlienne Carpaso e Jonas Carvalho
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A tia da estudante Camilla Abreu, professora Jeane Rodrigues, desabafou minutos antes de iniciar o Júri Popular do acusado de matar a estudante, o ex-capitão da Polícia Militar, Allison Wattson da Silva Nascimento, que na época era namorado da vítima. A tia afirma que a família foi a primeira a ser condenada, quando a jovem morreu e teve o corpo ocultado em outubro de 2017. Allisson Wattson vai à júri popular nesta sexta-feira (24). Os familiares da estudante fizeram um protesto em frente ao Fórum Criminal de Teresina, onde ocorrerá o julgamento; eles pedem por pena máxima. A defesa do ex-capitão defende tiro acidental.
“A família foi a primeira a ser condenada. Nós pegamos uma pena de uma vida de sofrimento, de adoecimento; uma vida que não desejo para família alguma. Uma vida de luta, uma luta que já vem rolando há alguns anos. Não posso explicar e dizer o que sentimos porque é imensurável. Não dá para traduzir em palavras o sentimento de uma família de vítima de feminicídio. Nós esperamos que a justiça seja cumprida e que o acusado receba a pena máxima, que ele realmente pague o que cometeu. A pena máxima ainda é pouca, mas a família já ficaria confiante na Justiça”, lamenta a tia da estudante.
O júri acontece no Fórum Cívil e Criminal pela 2ª Vara do Tribunal do Júri, presidida pela juíza Maria Zilnar Coutinho. O promotor do caso é João Benigno Filho, que terá como assistente as advogadas de acusação Ravenna Castro e Carla Oliveira. Na defesa do réu estão os advogados Francisco de Assis Silva e Daniella Carla Gomes Freitas.
O julgamento está restrito aos jurados e partes. Os familiares acompanham o julgamento via transmissão online. A restrição ocorre em obediência as medidas sanitárias de controle da transmissão do novo coronavírus, devido a pandemia da Covid-19.
O pai de Camilla Abreu, Jean Carlos, conta que a família está ansiosa com o julgamento e aguarda a condenação. Ele fala da saudade da filha. “Dia 26 de outubro vai completar quatro anos que ela foi assassinada. E principalmente nas datas comemorativas sempre lembramos dela, como dia dos pais, dia das crianças, o ano novo, aniversários de familiares. Eu só quero justiça, que justiça seja feita”.
Defesa
O réu será julgado pelos crimes de homicídio qualificado; destruição, subração e ocultação de cadáver; fraude processual e feminicídio. O advogado de Defesa do ex-capitão, Francisco da Silva Filho, alega que os autos confiram tiro acidental.
“A defesa não tem outra tese a não ser a que encontra nos autos através das perícias técnicas realizadas. Na verdade, houve um acidente, um disparo acidental, que culminou, infelizmente, na morte da vítima. A própria perícia descreve isso. Se quem conduz a investigação não quer aceitar o resultado e quer divulgar o que não tem nos autos; infelizmente, isso é um desserviço”.