25 de agosto de 2025

Mulheres que brilham: com estilete e régua, jovem inicia papelaria criativa em Campo Maior

Emanuel Pereira

Publicado em 07/03/2023 16:20

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Talía Silva é empreendedora desde 2020 (Foto: Arquivo pessoal)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

Abrir a geladeira e perceber que não há nada para comer tornou-se algo corriqueiro na vida de muitos pessoas durante a pandemia da Covid-19. A jovem Talía Silva, de 25 anos, viu a mãe, Elaine, perder o emprego e temeu que a fome chegasse à sua casa, no município de Campo Maior, a 83 km de Teresina (PI).

Impulsionada pelo medo e necessidade após a mãe perder o emprego, Talía – mais conhecida como “Maui” -, abriu o próprio negócio com apenas R$ 60, um estilete e uma régua. Com isso, ela iniciou os primeiros rascunhos e entrou no mundo do empreendedorismo.

Maui montou uma papelaria criativa na sala de sua casa. Tudo começou com o incentivo de seu padrinho, que emprestou o dinheiro em 2020, para ela fazer lembrancinhas e vender no Dia dos Namorados.

“Pedi R$ 60 a ele para fazer essas caixinhas com bombons, pois eu não poderia ficar parada nem deixar faltar comida na mesa. Eu tinha que ir a uma lan house bem cedo para imprimir os papéis e, ao chegar em casa, já tinha que recortar tudo sem nem saber ao certo o que eu estava fazendo. Então, divulguei nas redes sociais e apareceram clientes”, relembra.

Na matéria de hoje (07/03) da série “Mulheres que brilham”, o Portal ClubeNews apresenta a história de Talía Silva, a Maui. O brilho de sua resiliência iluminou a fase mais obscura de sua vida, transformando-a em uma empreendedora.

Agenda infantil produzida pela papelaria (Foto: Reprodução/Instagram @maui_atelier)

A ESPERANÇA

Maui encontrou uma esperança para transformar sua vida e garantir o sustento da família. Após iniciar o negócio, ela enfrentou seis meses de muitas dificuldades, entre idas e vinda de uma Lan House (espaço que presta serviços de informática, internet e impressões) para imprimir fotos e papéis personalizados.

A porta da prosperidade se abriu para o negócio quando ela conseguiu comprar impressoras e uma encadernadora, ferramentas que permitiram a expansão de seu trabalho.

“Comecei a fazer cadernos de capa mole e, quando comprei a primeira impressora, os clientes pediram cadernos personalizados e até álbum de fotos. Com muito esforço, os produtos estavam cada vez melhores. O lucro era pequeno, pois estava ainda no início, mas tudo feito com muito amor”, declarou.

Agendas e bloquinhos produzidos por Maui (Foto: Reprodução/Instagram @maui_atelier)

NOVAS DIFICULDADES 

A jornada de Maui no empreendedorismo foi repleta de dificuldades. Todo o entusiasmo da jovem foi subtraído quando as duas impressoras deram defeito, impossibilitando a produção dos cadernos.

Segundo a empresária, sua mãe conseguiu um novo emprego, mas logo foi dispensada porque a patroa faleceu de Covid-19. O medo de ficar sem renda voltou a assombrar a família.

“Tivemos de criar uma rifa para comprar uma nova impressora, pois eu já pensava em desistir de tudo; afinal, eu levei uma queda e precisaria recomeçar. Eu não sabia como fazer isso”, afirmou.

Maui e o esposo, Rennoly, criaram uma papelaria personalizada (Foto: Reprodução/Instagram @maui_atelier)

O RECOMEÇO

Em vez de interromper sua jornada, Maui contou com a ajuda do Rennoly, hoje esposo da empreendedora. Ela conheceu o Rennoly, em 2021, e ele passou a precificar os produtos de forma correta, para gerar mais lucro. Isso fez toda a diferença para ela consolidar sua papelaria personalizada e, agora, já não vê mais a geladeira vazia.

“Meu esposo me ensinou a valorizar meu próprio trabalho. Ele me ajudou a calcular os gastos, colocar o preço certo e mostrar que cada produto, além de qualidade, tinha meu suor, meu carinho e minha experiência. A partir de então, nós crescemos cada vez mais”, relatou.

Trabalho atual da papelaria (Foto: Reprodução/Instagram @maui_atelier)

AJUDAR MAIS PESSOAS

A ascensão do empreendimento transformou a vida de toda a família e motivou o casal a prestar trabalhos voluntários.

Talía destacou a ausência, por parte do poder público, de incentivos a micro e pequenos empreendedores durante a pandemia da Covid-19. Ela acredita que é necessário prestar educação financeira, a fim de evitar o fracasso de pequenos negócios.

“O sistema de ensino não oferece educação financeira, e isso também não é ofertado aos empreendedores. Muitos não sabem precificar e não conseguem prosperar nos negócios”, relatou.

Além de percorrer sua própria jornada, Maui também ajuda outras pessoas a escreverem histórias de sucesso no empreendedorismo. Ela e Rennoly prestam consultorias gratuitas aos trabalhadores autônomos da cidade.

Conforme a empresária, é preciso haver cooperação para que cada empreendedor alcance a prosperidade.

“Ajudamos essas pessoas a precificar os produtos, por meio de consultorias grátis. Ensinamos também sobre controle de caixa e identidade visual. Quando comecei o meu negócio, não recebi este apoio, mas meu marido e eu queremos apoiar os pequenos negócios de Campo Maior”, pontuou.

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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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