Emanuel Pereira*
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Joana Ibiapina, mãe dos trigêmeos Ben, Malu e Luiza, de dois anos, dividia seu tempo entre a maternidade, a advocacia e a docência, até perceber que poderia incluir o empreendedorismo em sua agenda lotada. A profissional de 34 anos escolheu investir em artesanato místico, produzindo incensos, mandalas, perfumes, incensários e outros objetos.

Acima de gerar renda à família, o negócio visa romper o preconceito contra crenças e religiões, especialmente as de matrizes africanas.

O empreendimento começou há cerca de nove meses, em Teresina, após a aposentadoria da professora Joana D’arc, mãe da advogada. Para escolher o segmento da empresa, foram necessários planejamento e pesquisa de mercado.

“Quando se aposentou, minha mãe estava se sentindo muito entediada e precisava de alguma atividade. Então, resolvi fazer algo para ela se relacionar com novas pessoas, que fosse rentável. Escolhemos criar uma loja de artigos místicos, pois não há tantas na cidade”, disse.

Ao realizar a pesquisa de mercado, Joana percebeu que, nos negócios deste setor, a maioria dos artefatos está relacionada a religiões de origem africana, e muitos seguidores são vítimas frequentes de intolerância. Por isso, ela assumiu o propósito de transformar esta realidade por meio do artesanato.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Apesar de praticarem tradições como pular sete ondas e vestir roupas brancas na virada do ano, muitas pessoas evitam associar estas crenças à umbanda e ao candomblé. A empreendedora destaca que a afetividade é a principal forma de atrair consumidores e promover a tolerância.

“Empreender neste segmento se equipara a uma medida afirmativa, cujo intuito não é punir nem encontrar uma solução definitiva ao problema, mas de convidar as pessoas para dialogar. Sempre mostro aos consumidores a beleza e a história de cada produto, porque isso estimula a curiosidade e uma visão mais afetiva sobre os artefatos”, afirmou.

Joana também relata que conquistou muitos clientes seguidores do cristianismo. Com afeto e cuidado, ela abriu a mente destas pessoas para conhecer e valorizar o artesanato místico.

“Muitos religiosos já me contaram que, ao acender um incenso, perceberam diferença no ambiente ou se sentiram mais tranquilas. Dessa forma, as pessoas se libertam do preconceito e se rendem aos benefícios destes produtos”, concluiu.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto