Você sabia?
A depender de como pais e cuidadores se relacionam com seus filhos, podemos ter adolescentes saudáveis e felizes ou adolescentes adoecidos e em sofrimento.

57% dos pais adoram um estilo de educação que coloca os filhos em situação de risco.

Como educar nossos filhos é uma pergunta recorrente, mas antes de tudo entenda: o adolescente não é necessariamente difícil ou pouco adaptado. Não é adolescência que é difícil, mas difícil é a sociedade (ABERASTURY; KNOBEL).

CÁSSIA ELLER
“… mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu. Tá tudo assim, tão diferente.”

Em verdade, muita coisa mudou, mas o que mudou? Quem mudou? O que é e quem é esse novo? Sou eu? Pode-se perguntar um adolescente. Pergunta essa, não necessariamente feita em palavras, mas manifestando-se em comportamentos, por vezes mal interpretados.

É na forma com que pais e cuidadores lidam com crianças e adolescentes que se encontrarão muitas explicações para o comportamento adolescente.

OS MAIORES ÍNDICES DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES DO MUNDO.

As estatísticas de casos de suicídio envolvendo sujeitos adolescentes, que cresceram 10% desde 2002, parecem confirmar a ideia de que algo vai mal, muito mal.
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Nossa sociedade tem uma percepção distorcida da adolescência e a vê como período de turbulência, de rebeldia, de desordem e de vandalismo.

POR QUÊ? O QUÊ CAUSA O QUÊ?

Causas e efeitos de comportamentos adolescentes têm frequentemente sofrido uma inversão. O comportamento adolescente é encarado como causa de muitos problemas na família e na sociedade, quando, em verdade, dito comportamento adolescente é a consequência de um clima  familiar, às vezes, desfavorável e de uma visão distorcida da adolescência pelo social.

Pais autoritários, negligentes, superprotetores, pais omissos, pais laissez faire. Essas variadas práticas parentais influenciam a construção da identidade do sujeito e coloca-se como fator de proteção ou de risco.

COMO A FAMÍLIA INFLUENCIA O COMPORTAMENTO?

Arranjos familiares diversos constroem identidades diversas. Existe um determinante do comportamento adolescente e da sua saúde mental e esse determinante é a família, a partir de suas práticas.

Há uma estreita relação entre os estilos parentais e o desenvolvimento das crianças e adolescentes (PAULA) e são três os estilos parentais mais citados pela literatura: o autoritativo, o autoritário e o permissivo.

ESTILO AUTORITÁRIO

Caracteriza-se por elevados níveis de controle e baixa afetividade. Os pais dão valor à obediência e favorecem a punição.

ESTILO AUTORITATIVO

Aqui há um controle firme com elevados níveis de afetividade. Esse estilo caracteriza-se por pais calorosos com controle firme, mas sem excessos.

ESTILO PERMISSIVO

Aqui estão os pais que são tolerantes frente aos impulsos dos filhos, não impõem controle, tampouco, exercem sua autoridade.

QUE ESTILO ADOTAR?

Para os principais problemas emocionais e de comportamento, verificou-se que os estilos autoritário e permissivo são fatores de risco, ao passo que o estilo autoritativo é fator de proteção.

As práticas parentais estão associadas a diversos indicadores de desenvolvimento psicológico e comportamental na adolescência.

ESTILOS PARENTAIS E SEUS EFEITOS NO DESENVOLVIMENTO DO ADOLESCENTE.

Cada estilo parental trará resultados diferentes e, em dada medida, previsíveis. Os três Estilos Parentais citados são o autoritário, o autoritativo e o permissivo, com os seguintes resultados no desenvolvimento adolescentes:

ESTILO AUTORITÁRIO
Fator de risco para: dependência química, baixo desempenho escolar, ansiedade, agressividade, humor instável, depressão, baixas habilidades sociais, insegurança, dentre outras dificuldades ou prejuízos ao desenvolvimento saudável.

ESTILO AUTORITATIVO

Fator de proteção: melhor adaptação na vida social, preventivo ao uso de drogas, fator de proteção para fobia social, bom desempenho acadêmico, elevadas aspirações educativas, mais tempo dispensado nas atividades de casa, mais autoconfiança, menor propensão a ansiedade e depressão.

ESTILO PERMISSIVO

Fator de risco: baixo desempenho acadêmico, imaturidade, dependência, impulsividade e agressividade, baixa assertividade, favorecimento ao uso de drogas, depressão e ansiedade.

57% DOS PAIS ADOTAM ESTILO DE RISCO

Num cenário em que mais da metade dos pais adotam estilos parentais de risco, o futuro não se mostra muito promissor quando o assunto é o desenvolvimento saudável das futuras gerações. Os dados são de que 40,9% dos pais são negligentes, 11,4% autoritários e 4,5% indulgentes (RONDINI et al).

Antes de estigmatizar os adolescentes, é preciso que pais, cuidadores e educadores estejam atentos às suas práticas.
E você? Que Estilo Parental você adota em suas vivências familiares? Você é controlador, afetivo ou exerce um pouco de cada um? Como você afere os resultados de sua parentalidade?

Essas e outras questões podem não ser fáceis de aferir. Na suspeita de qualquer dificuldade com seu filho, criança ou adolescente sob seus cuidados, procura ajuda profissional.

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Mário Ponte
Psicólogo – CRP/21-3234
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