
Um grupo de pelo menos 10 clientes procurou a polícia para denunciar uma empresa de construção civil que atua no Piauí. De acordo com os consumidores, a construtora recebeu o dinheiro, mas não construiu as casas e deixou as famílias no prejuízo.
As vítimas registraram um Boletim de Ocorrência no 12º DP e afirmam que o número de prejudicados pode ser ainda maior entre os que não procuraram a polícia nem a justiça para denunciar o caso. Procurado pela reportagem, o delegado responsável preferiu não se pronunciar antes de ouvir mais envolvidos.
O depoimento do dono da construtora, que estava marcado para acontecer na última sexta-feira (15), foi adiado para esta segunda-feira (18), a pedido dele, que alegou ter se sentido constrangido pela presença das vítimas na delegacia.
O pedido de adiamento revoltou uma das consumidoras que faz parte do grupo que denunciou a construtora. “Se eles não têm dinheiro para nos pagar, para nos devolver, ou para construir as nossas casas, de onde eles tiram dinheiro para estar posando em restaurantes caros, fazendo procedimentos estéticos, desfrutando de uma vida boa? Porque eles moram em um dos condomínios mais luxuosos de Teresina, desfilando nos seus carros importados, e nós, pessoas de bem, estamos sofrendo humilhação, porque isso é uma humilhação. A gente tem que correr atrás do que é nosso”, declarou a psicóloga Natália Vidal.
Mais vítimas
Outros consumidores também falaram sobre o que os levou a denunciar a construtora. “Percebi uma desorganização da empresa, falta de projetos em andamento e sempre o proprietário dando desculpas e se prolongando cada vez mais, porque no ato de assinatura do contrato, ele promete que tudo será muito rápido, em quatro meses a obra já começa, então é uma promessa que nos deixa cheio de esperanças, porém, quando vai passando o tempo, a gente vê que não é bem assim”, afirmou o empresário Rômulo Pereira, uma das vítimas.
O advogado das vítimas, Ramon Pessoa, revelou que o grupo contratou um perito para avaliar o prejuízo das obras. “A obra não andava, não evoluía, eram muitas desculpas da parte da construtora e do dono. Nós resolvemos contratar um perito, um engenheiro técnico para fazer toda a avaliação da obra. Foi constatado que de R$ 1 milhão que foi depositado na conta da construtora, somente R$ 391 mil foi investido na obra”, conta o advogado sobre um dos imóveis que está atrasado há mais de cinco meses e a obra se encontra completamente paralisada.
Comunicado
Por meio das redes sociais, a construtora se pronunciou negando a prática de golpe. Segundo o comunicado, a empresa enfrenta dificuldades econômicas provocadas pela pandemia, mas está à disposição para resolver o problema dos clientes. “Matérias-primas essenciais da construção civil sofreram e continuam a sofrer reajustes imprevisíveis de preços. Portanto, o atual cenário econômico provocou um desarranjo na construção civil e, como não poderia ser diferente, trouxe impactos para a Capital Construtora”, diz o comunicado postado nas redes sociais da empresa.
O Conselho Regional de Corretores Imobiliários (Creci) orienta os clientes a pesquisar o histórico das empresas antes de fechar negócio, saber se há reclamações sobre atraso de obras ou outros problemas anteriores.
“Desconfie sempre que o imóvel for oferecido abaixo do valor de mercado. Claro, o planejamento imobiliário é feito em longo prazo e envolve financiamento. Todos os fatores devem ser levados em consideração junto com o planejamento financeiro da sua família para não frustrar o sonho da casa própria”, aconselha Pedro Nogueira, presidente do Creci.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e entre no nosso Canal.
Confira as últimas notícias: clique aqui!