Caso Iarla Barbosa: ex-tenente é condenado a 37 anos de prisão pelo Júri Popular

O réu, que atualmente mora em Recife (PE), acompanha a audiência de forma remota.

O ex-tenente do Exército, José Ricardo da Silva Neto (Foto: arquivo pessoal)

O ex-tenente do Exército Brasileiro, José Ricardo da Silva Neto, foi condenado a 37 anos e quatro meses de prisão pelo Feminicídio da estudante Iarla Lima Barbosa, que era namorada dele na época do crime, e pelos homicídios tentados contra a irmã e a amiga de Iarla. O crime ocorreu no dia 19 de junho de 2017 na zona Leste de Teresina.

A sessão de Júri Popular do ex-tenente iniciou na manhã de quarta-feira (24) e só finalizou na madrugada desta quinta-feira (25), por volta das 4 horas. Foram quase 20 horas de julgamento.

O réu, que atualmente mora em Recife (PE), acompanhou a audiência de forma remota.

“O Tribunal Popular do Júri, em decisão soberana, reconheceu que o réu praticou crime de homicídio contra a vítima Iarla Lima Barbosa, e tentativa de homicídio contra as vítimas Ilana Lima Barbosa e Josiane Mesquita da Silva”, diz a sentença, assinada pelo juiz Antônio Reis de Jesus Nôleto.

A sentença ressalta que o “réu praticou os crimes depois de apanhar as vítimas em casa de duas delas, e levou-as a uma casa de evento, para confraternização. O réu alegando passar mal, pediu para ir embora, e dentro do seu veículo praticou os crimes. As vítimas não contribuíram para a perpetração do crime”.

  • Pelo crime contra Iarla: 16 anos de reclusão
  • Pelo crime contra Ilana: 10 anos e 8 meses de reclusão
  • Pelo crime contra Josiane: 10 anos e 8 meses de reclusão

Familiares e amigos fizeram vigília na porta do Fórum Cível e Criminal Desembargador Joaquim de Souza Neto durante a sessão do Júri.  Grupos que atuam no combate à violência contra a mulher também estiveram presentes.

“Quero um pouco de justiça, um pouco só. Minha filha não vai voltar, nada pode trazer ela de volta”, afirmou a mãe da Iarla, Dulcinéia Lima da Silva.

Ex-tenente e Iarla Barbosa (Foto: arquivo pessoal)

Pai faleceu

O pai da estudante Iarla Lima Barbosa, morreu por coma alcóolico pouco mais de dois anos após a morte da filha. Segundo a mãe de Iarla, Dulcinéia Lima da Silva, o homem ficou muito fragilizado após a morte da jovem.

“Tudo contribuiu para levar ele a óbito, era muito frágil e se levou a beber diariamente. Dois anos depois ele faleceu porque ficou fragilizado. A gente estava separado. Antes do falecimento dele fiquei sabendo que ele nunca mais tinha dormido em cama, só no sofá, pensando na filha dele. Aí a mãe dele faleceu, que era outra base e ele não resistiu”, contou.

Famílias das vítimas de Feminicídio fazem vigília na porta do Fórum Criminal (Foto: arquivo ClubeNews)

Iarla queria terminar o namoro

Durante depoimento na quarta-feira (24), Illana Lima, irmã da vítima, descreveu o acontecido. Ela disse que a irmã já pensava em terminar o namoro. 

“Estávamos eu, ela, uma amiga [Joseane Mesquita], ele e outros dois amigos dele. Passamos a noite dançando entre nós. Uma hora a Iarla chamou para ir embora porque o Neto estava passando mal. Os dois saíram de mãos dadas, se beijando, como um casal normal. Mas chegando no carro ele começou a brigar com ela, dizendo que ela tinha dançado com outros. Em seguida ele puxou a arma e atirou três vezes contra ela e depois para trás, onde estávamos eu e nossa amiga”, comentou.

Illana chegou a ser atingida de raspão na cabeça e Joseane foi baleada no braço. As jovens saíram do veículo logo em seguida, sendo que Illana precisou saltar do veículo já em movimento. A testemunha comentou ainda que Iarla teria falado em terminar o relacionamento com o ex-tenente um dia antes do crime.

Crime

Iarla Barbosa foi morta a tiros no dia 19 de junho de 2017 na zona Leste de Teresina. Ela estava com o namorado, o ex-tenente  José Ricardo da Silva Neto, dentro de um carro, na companhia da irmã e de uma amiga, quando foi assassinada.

O corpo da jovem foi encontrado no carro do ex-tenente no estacionamento do prédio onde ele morava em Teresina. Após o crime, ele passou a morar em Recife no Pernambuco.

No momento do crime, Ilana Lima Barbosa, irmã de Iarla levou um tiro de raspão na cabeça; já a amiga Josiane Mesquita foi atingida no braço.

Na época, a polícia informou que o casal iniciou uma discussão em um bar na zona Leste de Teresina por ciúmes. Ele teria ingerido bebida alcoólica. Os tiros ocorreram dentro do carro em que estavam o ex-tenente, a Iarla e as duas outras jovens.

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