7 de outubro de 2025

Primeira delegada negra do Piauí inicia processo de aposentadoria e sonha lançar livro

Publicado em 01/12/2021 23:18

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Vilma Alves foi a primeira delegada negra do Piauí – (Foto redes sociais)

Malu Barreto
malubarreto@tvclube.com.br

A primeira delegada negra do Piauí decidiu se dar de presente a tão sonhada aposentadoria no dia do seu aniversário, celebrado nesta quinta-feira, 02 de dezembro.

Vilma Alves deu entrada ao processo de aposentadoria após anos de dedicação no combate a violência contra a mulher e conta que vai se dedicar a um novo sonho: ser escritora. “Minha trajetória de mulher, negra, mãe, servidora pública eu quero contar no meu livro”

São 36 anos como delegada e quase 50 anos dedicados a segurança pública do estado, se tornando referência no combate a violência contra a mulher.

Através do seu trabalho, ganhou destaque nacional e foi a primeira mulher a entrar na Polícia do Piauí, abrindo portas para outras tantas mulheres que conseguiram fazer parte do quadro da segurança pública do estado. Vilma também foi a primeira corregedora geral da Polícia Civil.

Entre tantas histórias vividas na Polícia Civil, Vilma revela que foi preciso pulso firme “A violência doméstica pertence a todas as classes sociais, então muitas vezes precisei bater de frente com pessoas poderosas, mas todo esse tempo continuei sendo sempre a mesma pessoa. Nunca bajulei ninguém e me mantive leal aos meus amigos”

“Já prendi até delegado”

Delegada Vilma Alves (Foto: arquivo ClubeNews)

 

Durante a conversa com portal ClubeNews, a delegada lembrou momentos como corregedora e revelou que quando o então prefeito da época, professor Wall Ferraz decidiu cercar as praças de Teresina, encontrou dificuldades da polícia para colocar as grades na Praça Saraiva.

Segundo contou Vilma, o prefeito já havia colocado grades na praça da Bandeira e na Da Costa e Silva, quando chegou a vez da praça Saraiva, os policias não permitiram e o Wall Ferraz lhe ligou. “A sua polícia corrupta não está deixando meu mestre de obras fazer o serviço na praça Saraiva. Eu então disse a ele que mandasse o profissional voltar que eu ficaria esperando na praça, e assim o fiz”.

A delegada conta que teve que prender o delegado e que só assim o serviço da prefeitura foi feito. “Passei a madrugada sentada na praça esperando os homens colocarem as grades”, revelou.

Apesar da posição, Vilma diz que sofreu preconceito muitas vezes e que tem orgulho de toda sua trajetória. “Abri as portas para as mulheres entrarem na polícia como também abri as portas da delegacia para as pessoas denunciarem: mulheres, prostitutas e homossexuais, sempre defendi todos”.

Entre suas últimas conquistas como delegada, Vilma destaca a sede da Delegacia da Mulher que agora conta com toda estrutura para atender as vítimas de violência, inclusive possui até brinquedoteca para atender mães vítimas de agressões.

“Tivemos muitas sedes mas nenhuma com estrutura. A mulher vítima de violência precisa em ser acolhida na luta para recuperar sua dignidade e na busca dos seus direitos”, frisou.


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