Thálef Santos*
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Um deslizamento provocado pelas chuvas deixou pelo menos oito pessoas mortas e dez desaparecidas no município de Franco da Rocha, no estado de São Paulo. Uma piauiense que mora na região vizinha ao local do deslizamento conta que após a tragédia já pensa em voltar para a casa dos pais, em Oeiras-PI.

A dona de casa piauiense Darkue Fontes viu de perto o drama das famílias que perderam tudo no desabamento de Franco da Rocha. Ela, seus dois filhos, uma vizinha e seu sobrinho com três filhos moram na mesma “laje” com cinco casas.

Darkue foi uma das primeiras pessoas a construir uma residência na área próxima dos morros. “A gente construiu (a casa própria) e é um sonho né? Mas… é o jeito. Eu tô tentando equilibrar a cabeça pra arrumar as coisas e sair”,  disse a dona de casa, que pretende deixar sua primeira casa própria devido ao risco de vida no local.

Chuvas

O deslizamento de Franco da Rocha aconteceu na rua São Carlos, na encosta de um morro. Ao menos dez pessoas ainda estão desaparecidas.  Cerca de 70 bombeiros e 150 voluntários trabalham no local em busca dos moradores soterrados.

O Corpo de Bombeiros estima que  14 “lajes” (que podem contabilizar mais de 40 residências) do local próximo à rua São Carlos foram atingidas.

A contagem de residências atingidas não é certa. Cada laje pode conter mais de uma residência, como apartamentos de um prédio. Um exemplo é a casa da piauiense Darkue Fontes, que divide uma laje com sua família há quase 30 anos.

Após as chuvas, durante o fim de semana no estado de São Paulo, alagamentos em onze cidades causaram 24 mortes confirmadas no estado, entre as vítimas oito eram crianças. Além destes, sete estão feridos, dez pessoas ainda estão desaparecidas e cerca de 1.500 famílias estão desabrigadas ou desalojadas.

A tragédia

Darkue mora a poucos metros do local do deslizamento e conta que estava dormindo quando ouviu o barulho, então chamou seus dois netos. Ela pediu socorro aos seus quatro primos e dois sobrinhos que moravam no local do acidente e conseguiram fugir do local do deslizamento. “Muita tristeza, muita solidão, desespero. Ali morreram muitas pessoas e eu conhecia”, relata a dona de casa angustiada.

Muitas casas na região foram interditadas após o desabamento e outro morro na mesma área também apresenta risco de deslizamento. Darkue conta que os vizinhos deste morro próximo já deixaram suas residências. “Não tem mais ninguém, você não vê nem uma lâmpada acessa a noite.”

A dona de casa também afirma que muitos dos moradores da região são dos estados da Bahia, Piauí, Maranhão. Sobre os desaparecidos, vizinhos e conhecidos da piauiense, ela também conta que os moradores estão abalados com o que houve e que muitos não conseguem dormir ou comer direito.

*Sob supervisão da jornalista Lucy Brandão