6 de julho de 2025

Rússia ataca e domina o maior complexo nuclear da Europa

Lucy Brandão

Jornalista
Publicado em 04/03/2022 12:17

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Vídeos mostraram o momento do incêndio na usina. (Foto: reprodução vídeo)

O mundo viveu horas de suspense e medo na madrugada desta sexta-feira (4), quando a Rússia bombardeou a maior central nuclear da Europa, no sul da Ucrânia, provocando incêndio e com “ameaça real de perigo nuclear”, informaram as autoridades ucranianas. No momento do incêndio, o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou que se houvesse uma explosão o impacto seria dez vezes pior que o de Chernobyl, em 1986.

O porta-voz da estação, Andriy Tuz, anunciou que o incêndio foi controlado por funcionários treinados da usina e não houve mudança nos níveis de radiação, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Os russos conseguiram tomar o complexo. A central nuclear de Zaporizhzhia, na cidade de Enerhodar, é responsável pela produção de um quarto da energia da Ucrânia.

A investida ocorre uma semana depois das tropas do presidente Vladimir Putin tomarem também a região de Chernobyl, no dia 24 de fevereiro.

Relembre
Em 1986, um acidente nuclear catastrófico aconteceu em Chernobyl e ainda é considerado o mais greve da história mundial. O reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear, perto da cidade de Pripiat, no norte da Ucrânia, explodiu.

O acidente ocorreu durante um teste de segurança no início da madrugada que simulava uma falta de energia da estação, quando os sistemas de segurança de emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados.Uma combinação de falhas resultou em condições de reação descontroladas pelos funcionários.

A água superaquecida foi instantaneamente transformada em vapor, causando uma explosão de vapor destrutiva e um subsequente incêndio que jogou grafite ao ar livre e produziu correntes ascendentes consideráveis por cerca de nove dias. O fogo só foi contido quase 10 dias depois.

O número total de vítimas, incluindo os mortos devido ao desastre, continua a ser uma questão controversa e objeto de estudos. Durante o acidente, os efeitos da explosão de vapor causaram duas mortes dentro da instalação: uma imediatamente após a explosão e uma por uma dose letal de radiação. Nos próximos dias e semanas, 134 militares foram hospitalizados com síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 28 bombeiros e funcionários morreram em questão de meses. Além disso, cerca de 14 mortes por câncer induzido por radiação entre esse grupo de 134 sobreviventes ocorreram nos dez anos seguintes. Entre a população em geral, um excedente de 15 mortes infantis por câncer de tireoide foi documentado em 2011. Outros estudos ainda são realizados sobre os efeitos em longo prazo do acidente radioativo.

Rússia x Ucrânia
Desde a madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia lançou sua ofensiva militar sobre o território ucraniano, incluindo forças terrestres e bombardeios em várias cidades.

A Ucrânia contabiliza mais de 2 mil civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1 milhão de refugiados na Polônia, Hungria, Moldávia e Romênia, entre outros países.

Sob o comando do presidente Vladimir Putin, a Rússia justifica a “operação militar especial” na Ucrânia pela necessidade de desmilitarizar o país vizinho. A Rússia afirma “ser a única maneira de se defender” e garantiu que a ofensiva vai durar o tempo necessário.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional. A União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções econômicas para isolar ainda mais Moscou.

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