
Os aumentos constantes dos preços dos combustíveis vem provocando a desistência de motoristas que recebem sua renda por meio dos aplicativos de transporte pagos. Os trabalhadores reclamam que, com o aumento, algumas viagens não compensam a relação distância X valor e, por isso, muitas corridas são canceladas. Passageiros que utilizam os aplicativos também sofrem com a dificuldade em realizar corridas e com o aumento dos preços, principalmente durante a greve do transporte público de Teresina.
Segundo o secretário geral da Associação dos Motoristas (AAMAPI), Francisco Batista, pelo menos 20% do total de quase dois mil filiados já deixaram a atividade devido à queda dos lucros. Segundo ele, medidas como a redução dos preços, melhoria dos percentuais de repasses dos aplicativos ou um auxílio do Governo à categoria – medida em debate na Assembleia Legislativa (Alepi) – poderiam solucionar a queda da profissão. O secretário fala do Governo do Maranhão como exemplo, que pagou durante três meses R$ 300 reais aos motoristas de aplicativos, taxistas e mototaxistas, em apoio ao momento de crise dos preços e das profissões.
Sem transporte
O aposentado Etevaldo Lima mora em um condomínio no bairro Ilhotas, zona Centro-Sul da capital, e relata a falta de mobilidade no local. Na esquina do quarteirão onde mora, haviam dois pontos de paradas de ônibus, que foram retirados há cerca de três anos. Atualmente, os moradores do local que não possuem veículos de transporte, se encontram obrigados a se locomover a pé.
“A Constituição diz que o poder público tem obrigação de nos dar o transporte público. A gente precisa… não dá pra gastar nosso dinheiro todo com Uber. O salário tá difícil, a vida tá difícil, tudo é difícil”, afirma Etevaldo.
Outra moradora do mesmo condomínio afirma que além dos valores, a demora para encontrar motoristas também dificulta a locomoção. A assistente imobiliária, Cecília Rodrigues, fala que os motoristas têm analisado mais as corridas pelo endereço, tráfego no local e valor da corrida. Com isso os trabalhadores têm evitado prejuízos no serviço de transporte por aplicativo.
Kelly Costa é motorista por aplicativo e diz que mesmo com pena dos usuários, cancela corridas de baixo valor. Ela conta que caso os preços sofram mais reajustes, a profissão pode ser descartada. “Se aumentar mais um pouco a gente vai começar a pensar no plano B”, disse.
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