12 de julho de 2025

Sem ajuda dos governos, instituições filantrópicas podem encerrar serviços em poucos meses

Carlienne Carpaso

Editora
Publicado em 19/04/2022 14:20

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Hospital São Marcos – Foto: site/divulgação/SãoMarcos

Os atendimentos eletivos agendados nos hospitais filantrópicos estão suspensos em todo o país, nesta terça-feira (19), em ato simbólico por pedido de recursos financeiros emergenciais para manter os serviços, incluindo no Piauí.  A iniciativa integra o movimento nacional “Chega de Silêncio”, promovido pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB). O Piauí conta com pelo menos 11 instituições filantrópicas.

O diretor-técnico do Hospital São Marcos, Marcelo Martins, comenta que os atendimentos de urgência estão mantidos, apenas os procedimentos que podem aguardar estão sendo suspensos e remarcados. “Esse é um manifesto de alerta porque em poucos meses, se essa situação não mudar, os atendimentos podem ser suspensos por definitivos”.

O Hospital São Marcos, segundo o diretor-técnico, é responsável pelo atendimento de 95% dos casos de câncer no Piauí e não consegue, no momento, pagar todas as despesas nessa área.

“Essa situação está insustentável. É uma calamidade pública. Não existe política governamental na área filantrópica, mas a gente não pode perder a esperança”, disse o diretor.

“Nós nos mobilizamos em cada estado com as bancadas estaduais e federais para sinalizar as nossas dificuldades. Existe uma frente parlamentar, mas, infelizmente, tivemos uma resposta muito tímida, insuficiente para a manutenção dos serviços”.

O diretor ressalta que os governos federal, estadual e municipal precisam ajudar as instituições filantrópicas. “Existe a necessidade de complementação financeira para manter os serviços. Não digo isso só pelo Hospital São Marcos; todas as instituições filantrópicas estão em uma situação insustentável, fechando as portas ou diminuindo a capacidade de atendimento”.

Confira a relação das unidades filantrópicas que estarão com atendimentos suspensos, nesta terça-feira (19), no Piauí:

• Fundação Hospitalar Joaquim Simeão Filho – Marcolândia
• Associação Beneficiente de Amparo Médico Hospitalar – Paulistana
• Sociedade Beneficente São Camilo – Pedro II
• Instituto Praxis de Ação Social – Parnaíba
• Sociedade de Proteção à Infância (Marques Bastos) – Parnaíba
• Santa Casa de Parnaíba – Parnaíba
• Sociedade de Proteção a Infância – Campo Maior
• Fundação Padre Antônio Dante Civiero – Teresina
• Clínica Batista Peggy Pemble – Teresina
• Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer – Teresina
• Centro Integrado de Reabilitação (CEIR) – Teresina

Martins reforça que o Sistema Único de Saúde (SUS) é um patrimônio da população, dos moradores do Brasil. “Ele não é de um governo, mas de todos nós”.

Sobre uma possível judicialização para que o repasse financeiro seja mantido e ampliado, o diretor comenta que os hospitais filantrópicos precisam resolver a situação com urgência e levar o caso à Justiça pode prolongar ainda mais o repasse financeiro. “A judicialização é uma saída possível, mas é uma saída lenta”, acrescentou.

Paralisação Nacional 

Em todo o Brasil, mais de 1.800 Santas Casas e hospitais filantrópicos estão com os atendimentos eletivos agendados, não urgentes,  suspensos, por 24 horas nesta terça-feira (19). A suspensão é um ato simbólico por pedido de recursos emergenciais.

“Os pacientes de todos os hospitais foram informados e os procedimentos reagendados. Instituições que não puderam paralisar esses atendimentos também farão ato, como o uso de camisetas pretas por parte dos colaboradores, panfletagem, entre outras ações de protesto”, informou a organização.

A organização também destacou que a dívida das instituições filantrópicas “já chega a mais de R$ 20 bilhões e o alerta se agrava com projeto de lei em tramitação na Câmara, que institui o piso salarial da enfermagem, porém, sem indicação de fonte de financiamento. Se aprovado, terá impacto estimado em R$ 6,3 bilhões ao orçamento dos hospitais”.

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