
Carlienne Carpaso
carliene@tvclube.com.br
Dias antes do Dia das Mães, uma campanha viralizou nas redes sociais e mobilizou mães de todo o Brasil. Com o mote “Convide uma mãe, mesmo que ela não vá”, o apelo escrito pela jornalista e empresária Dani Arrais (@daniarrais) gerou empatia e relatos de mulheres que se sentem isoladas da vida social depois que viraram mães.
“Uma amiga tinha cantado a bola: depois que você vira mãe, param de te chamar pra muita coisa”, revela o post de Dani Arrais, que ganhou 14,6 mil curtidas e mais de 505 comentários.
Ela conta que passou a não receber mais convites para sair com as amigas depois que teve o Martin, de 1 aninho. “Talvez porque, depois de chamarem algumas vezes e ouvirem não, fique chato insistir”, explica a escritora da vida cotidiana no post.
O sentimento é compartilhado pela empresária Gisele Alves, mãe do Pedro Henrique, de 5 anos. Segundo ela, foram mais de dois anos para retomar uma vida social.
“Antes da gravidez eu participava de um grupo grande de amigos, mas vi esse grupo ser reduzido a cada mês. Quando eu descobri que estava grávida, automaticamente muitas saídas ficaram inviáveis. Foram poucos os amigos que ainda me chamavam pra sair, mas fiquei muito feliz com aqueles que se mantiveram presentes, isso faz uma grande diferença durante a gravidez”, relata.
De mãe para mãe
A jornalista e editora do portal ClubeNews, Malu Barreto, foi uma das mulheres que se sensibilizaram com a campanha “Convide uma mãe, mesmo que ela não vá”. Ela conta que engravidou jovem e se sentiu sozinha muitas vezes. “O tempo foi passando, Lívia foi crescendo. As amigas tiveram filhos e lá estava eu com a minha bagagem para dividir. A gravidez não foi planejada, mas Lívia foi o meu presente surpresa. A vida que eu tinha e que gostava, me fez falta algumas vezes e como disse meu pai, ela acabou, mas eu ganhei uma vida com muito mais sentido e mais amor”.
“Eu sempre coloquei na minha cabeça que era uma fase e que ia passar e ia passar rápido”, conta Malu. E passou mesmo. Hoje a filha dela, Lívia, está com 11 anos e até sai junto com a mãe.
Confira o depoimento completo:
Engravidei relativamente jovem, aos 24 anos e recém-formada, lembro do meu pai dizer: “minha filha, a vida que você conhece acabou”, na época, lembro que achei um exagero, mas realmente, ele tinha toda razão.
Meu grupo de amigas estava a todo vapor, a gente tinha uma vida social agitada, saíamos quase todos dias, shows, barzinhos, boates, mas quando a Lívia nasceu as noites sem dormir não tinham nada de diversão: eram de choros, mamadas, cólicas, dente nascendo, virose, enfim, pacote completo de filho.
Com os meses fui ficando de lado dos convites para sair, afinal, todas as minhas amigas tinham programações que não cabiam uma mãe e um bebê. Foi mais de um ano assim. Mãe tem outras prioridades, o bem-estar do filho vem em primeiro lugar, a criança não pode sair da rotina, o menino chora, quer peito, mãe não tem substituta.
Fora isso, ainda tem a culpa, porque a mãe já nasce com uma sentença de culpada. Como pode uma mãe sair para se divertir e deixar o filho? É inaceitável!(contém ironia)
Desde sempre eu falo que ser mãe é renunciar, não como um peso, pelo contrário, renunciar a quem se ama mais que tudo não dói, mas você abre mão de muitas coisas sem titubear.
Me senti sozinha algumas vezes? Claro que sim, mas fui me adaptando, conhecendo outras mães na pracinha, fazendo amizades que compartilhavam daquela mesma solidão e anseios da maternidade.
Senti falta das minhas amigas, mas eu entendia que elas estavam em outra sintonia e, apesar da solidão, nunca me senti abandonada. Eu sempre coloquei na minha cabeça que era uma fase e que ia passar e ia passar rápido.
As antigas amigas? Continuavam amigas, mas sem tantas coisas em comum. Não tínhamos os mesmos assuntos.
Depois de um ano, ficou menos difícil de sair. Às vezes rolava um almocinho, as meninas até que ajudavam, enquanto eu comia, elas ficavam com a Lívia, revezavam. Algumas vezes fizeram programações em casa, para que eu pudesse ir com a minha filha e assim me divertir um pouco, sair da rotina exaustiva.
O tempo foi passando, Lívia foi crescendo. As amigas tiveram filhos e lá estava eu com a minha bagagem para dividir. A gravidez não foi planejada, mas Lívia foi o meu presente surpresa. A vida que eu tinha e que gostava, me fez falta algumas vezes e como disse meu pai, ela acabou, mas eu ganhei uma vida com muito mais sentido e mais amor.
Um dia desses, em uma viagem, estava na piscina do hotel e tinha uma mãe com uma criança de uns 3 anos, notei que ela queria muito sentar um pouco, comer, mas a filha dela não queria sair da piscina.
Logo eu me ofereci para ficar com a criança enquanto ela almoçava: “Se você se sentir segura eu fico com ela aqui brincando para você descansar um pouco”. Ela aceitou na hora, claro que estava me observando, não tirava o olho da filha, mas vi nela um sorriso aliviado que só quem é mãe entende!
Malu Barreto, jornalista, 36 anos.
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