5 de julho de 2025

Professor diz que condução de aluno à PF foi desproporcional

Carlienne Carpaso

Editora
Publicado em 26/08/2022 13:00

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O universitário foi detido por danificar um banco da UFDPar (Foto: Reprodução)

O professor do curso de Psicologia, João Paulo Macedo, ministrava aula na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) quando foi surpreendido com a entrada da equipe de segurança para a retirada e condução de um aluno à Polícia Federal, suspeito de fazer diversos desenhos em um banco da universidade (foto acima). Em defesa do aluno, ele disse que a medida foi desproporcional e que a situação deveria ser resolvida em âmbito administrativo, já que o jovem, até então, nunca respondeu a nenhum processo administrativo.

“Poderia ter tratado a questão dentro de procedimentos administrativos da universidade, no âmbito da universidade porque o aluno nunca cometeu nenhum ato que o desabone na universidade, não responde a nenhum processo. É um aluno que cumpre com as suas obrigações. Nessas circunstâncias, a gente entendeu que o reitor foi desproporcional na sua decisão”, disse.

Com a entrada da equipe de segurança local e de policiais militares na sala de aula, o professor tentou diálogo para tratar a situação, inicialmente, na reitoria da instituição. Ele decidiu liberar os demais alunos para acompanhar o estudante apontado pela equipe.

“O chefe de segurança disse que era uma questão que o aluno tinha cometido uma infração, que ele, então, deveria ser conduzido para investigação. Eu me recusei a entregar o aluno, mas o segurança insistiu. Até que eu acabei decidindo liberar a turma, e que o aluno ia ser conduzido por mim”, disse o professor.

João Paulo pediu que eles fossem primeiro até a reitoria para esclarecer a situação para tentar conduzir a suspeita de outra forma.

Em nota, a Polícia Federal  esclareceu que o estudante foi conduzido suspeito de “pichar as dependências da Universidade”. “Por se tratar de crime considerado de menor potencial ofensivo (art. 65 da Lei 9.605/98), foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência e o infrator responderá a processo em liberdade, aguardando sentença da Justiça Criminal”, esclareceu a PF.

O Centro Acadêmico do curso de Psicologia (Capsi), da UFDPar, emitiu uma nota repudiando o ocorrido e evidenciando que a situação configurava racismo, pois o aluno é negro. “Acaba de ocorrer um caso claro e ABSURDO de RACISMO dentro de um órgão federal e tudo a mando da própria UFDPar que, inclusive, se recusa a se comunicar para resolver a situação de maneira interna e diplomática”, diz um trecho do comunicado.

O que diz a Universidade

Em nota, a UFDPar disse que a “Divisão de Segurança, cumprindo o protocolo de apuração por meio de captura de imagem por vídeo monitoramento, após testemunha presencial do ato, levando a identificação imediata de um aluno como autor da infração, e também como possível praticante de outras pichações realizadas recentemente em outros espaços que passaram por reforma e manutenção”, acionou a Polícia Militar para que o aluno fosse conduzido até á sede da delegacia da Polícia Federal de Parnaíba.

A universidade esclareceu que a “prática que constitui infração penal por crime ambiental, previsto no Art. 65 da lei federal nº 9605/98”.  Além disso, ressaltou que “a instituição reafirma ainda que qualquer ato que lese o patrimônio público será avaliado e que apoia as práticas de expressões artísticas e culturais, assim como dispõe de espaços no campus para essas práticas mediante autorização prévia do setor responsável, e que repudia qualquer prática abusiva e racista de seus servidores”.

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