
O espetáculo “Manifesto São Benedito” surpreendeu o público, na noite deste sábado (26), na praça principal do bairro Santa Maria, na zona Norte de Teresina, durante apresentação no 20º Festival Cultural da Beleza Negra.
A apresentação foi inspirada em um dos cartões-postais da capital piauiense: a Igreja São Benedito, cujo padroeiro é um santo negro. O elenco – composto por atores, bailarinos e músicos – exaltou o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) e a importância do povo africano na formação sociocultural do Piauí e do Brasil.
Danças e encenações transmitiram uma mensagem impactante sobre a discriminação e a exclusão sofrida pelos negros desde o período colonial.
Ademir Costa é o responsável pela direção artística do evento. O artista conta que inicialmente o tema central era o racismo, mas observou a necessidade de abordar outras formas de preconceito, como a aporofobia (aversão, medo e desprezo pelos pobres), homofobia e a discriminação vivida por mães solos.
Segundo o diretor, a maior inspiração para elaborar o espetáculo foi a obra do dramaturgo carioca Augusto Boal, por meio da qual foi possível conhecer a experiência dos artistas com a proposta da peça. “Fomos buscar na vivência do elenco, as situações que poderiam gerar a peça”.
“O espetáculo foi criado a partir da vida de todos eles, da sede de falar e de ser ouvido. Foi inspirado naquele grito que a sociedade os obrigou a engolir, inspirado na religiosidade afro, na resistência do nosso povo e nossos ancestrais, na negritude que todos os dias tem que lutar para ser vista e ouvida”, exclamou.
Marcos Torres deu vida a três personagens na apresentação. Além de interpretar um policial racista e um preto velho (entidade espiritual nas religiões de matriz africana), o ator também desempenha o papel de homem gay e reforça que forma de amor deve ser respeitada. O artista de 26 anos afirma que a busca pela autoafirmação e o respeito às diferenças é uma luta que faz parte da vida destas minorias.
“Esse espetáculo é muito forte porque traz todas essas questões de preconceito. Vivenciar isso por meio da arte é complicado, pois não é fácil trazer de fato tudo que se passa com negros e gays. Enquanto homossexual, você é castigado pela língua das pessoas e isso destrói qualquer psicológico. Tenho amigos que sofrem e isso me faz mostrar por eles o quanto que precisamos crescer e ter mais empatia”, pontuou.
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