Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, comemorado nesta terça-feira (07), existe para reafirmar o compromisso de cada ente federativo de proteger e valorizar as populações nativas.
Conforme a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o Piauí é habitado por mais de três mil indígenas.
Mas onde e como vivem estas populações no Piauí? A historiadora Socorro Braga é especialista em culturas indígenas e afirma que muitas pessoas ainda desconhecem a existência desses povos.
“Aqui, assim como em vários lugares do Brasil, indígenas são considerados empecilhos para a exploração da terra. Recentemente, a maioria das pessoas acreditava que esses povos não existiam no Estado”, disse.
Socorro já viajou por todo o Piauí e conhece a situação das comunidades indígenas. A seguir, saiba onde se encontram e quais os maiores desafios enfrentados por estes povos.
QUEM SÃO OS INDÍGENAS PIAUIENSES?
Segundo a historiadora, o estado possui os povos indígenas Cariri da Serra Grande, tendo como liderança a cacica Francisca Kariri; os Tabajara de Nazaré; Tabajara Itacotiara; Tabajara dos Tucuns; Tabajara Ypy; Povo Gamela; comunidade de Morro D’água, em Baixa Grande do Ribeiro; e Akroá Gamela de Laranjeiras, em Currais.
Um das mais conhecidas populações são os indígenas do Povo Tabajara, em Piripiri. A comunidade é liderada pelo Cacique José Guilherme.
“O Povo Tabajara é organizado na Associação Itacoatiara, fundada em 2005. O cacique José Guilherme, reconhecido pela Funai e pelo Governo do Estado como o chefe mais velho e liderança do Piauí. Ele repassa as memórias e tradições de seus ancestrais para a comunidade”, relatou.
COMPROMISSO POLÍTICO COM OS INDÍGENAS
Socorro relata que a situação dos povos indígenas piauienses não difere dos abusos sofridos por várias comunidades na Amazônia. Ela comenta sobre a expansão ameaçadora do agronegócio as comunidades tradicionais em uma região conhecida como MATOPIBA, que abrange territórios dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
“Essa fronteira agrícola também perdeu muita vegetação nativa pelo crescimento desenfreado do agronegócio. Além disso, é comum ocorrer diversos conflitos territoriais, pois os indígenas – os verdadeiros donos das terras – são vistos como entraves para os negócios”, declarou.
A historiadora acredita que defender as comunidades nativas, assim como o ambiente onde vivem, precisa se tornar uma pauta central do governo piauiense. Em âmbito nacional, ela pressupõe que a atuação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) deve coibir as práticas criminosas contra as comunidades.
“O Piauí precisa assumir um compromisso político com os indígenas, lutando por terras e pela manutenção da identidade, da memória e da cultura dos povos que vivem aqui. Eu também espero que a criação do MPI possa abolir as políticas anti-indígenas e genocidas sobre os territórios”, finalizou.
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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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