7 de julho de 2025

Cadela atacada por onça sofreu lesão no crânio; tutora fez B.O.

Thálef Santos

Publicado em 07/02/2023 15:30

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Cadelinha Lupita (Foto: TV Clube)

Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com

A tutora da cadelinha Lupita registrou um boletim de ocorrência após a cachorra ser atacada pela onça “Menino” que fugiu do Bioparque Zoobotânico, localizado na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Teresina. O boletim de ocorrência foi registrado na segunda-feira (6). A onça morreu após a captura em um terminal de ônibus.

O inusitado é que no registro, a onça consta como suspeita de agredir a vítima, Lupita, no sábado (4). Lupita tem deficiência visual e chegou a “lutar” contra o felino para proteger a família.

Após o ataque da onça, a cadelinha precisou ser internada no Hospital Veterinário Universitário (HVU) para tratar das lesões no crânio.

O ataque aconteceu por volta das 18h40 do sábado (4), quando a onça chegou em uma área residencial do bairro Zoobotânico, precisamente na Rua Conceição Queiroz Alves.

O crime registrado com a natureza de “dano” foi informado ao 12º Distrito Policial pela mãe da Lupita, Marilene Oliveira Silva.

Confira a descrição dos envolvidos no BO:

CADELA ADULTA DE PELAGEM CARAMELA (LUPITA): VÍTIMA
ONÇA PARDA: SUPOSTO INFRATOR/AUTOR

O documento ressalta que a onça é de tutela do Bioparque Zoobotânico. “A noticiante presenciou toda a ação e pede providências”, cita o texto. Veja o Boletim completo:

Contrária às afirmações iniciais do bioparque, a onça foi flagrada na área mais distante pelas câmeras de segurança na casa da denunciante.

Nas filmagens é possível ver a Lupita colocando a onça para correr. Marilene conseguiu expulsar a onça da casa aos gritos e barulhos de uma motocicleta.

Confira o registro da câmera de segurança:

AVISO DA FUGA

Marilene conta que alertou as autoridades, mas teve que provar a presença da onça com as imagens para ser “levada a sério”.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar) informou na sexta-feira (3) que o animal estaria dentro das instalações do Zoobotânico sem oferecer risco à população e às residências vizinhas ao local.

A tutora da Lupita conta que perseguiu a onça para afastá-la até o terminal, onde aconteceu a captura, criticada após a morte do animal. As filmagens da captura mostram policiais ambientais gravando o tumulto.

Já Marilene denota que a atitude dela foi fundamental para a segurança dos vizinhos. “Se eu não tivesse ido avisar, até hoje esse animal estava solto aqui. Foi um perigo, nossas vidas foram colocadas em risco sim. Pode dizer ‘ah, mas ele era manso’. Gente, não existe um animal selvagem manso que não ataque em situação de fome. Não precisa nem ser biólogo, ter um PhD em animais para saber isso”, alerta.

Marilene Silva Oliveira, tutora da cadelinha Lupita – Foto: Rede Clube

AVISAR AOS MORADORES VIZINHOS

O médico veterinário Lucas Cazati, do Mato Grosso, analisou as imagens e concedeu entrevista ao Bom Dia Piauí, nesta terça-feira (7). Ele disse que a fuga de um animal silvestre, principalmente uma onça, deve ser imediatamente informado à população.

“A primeira coisa a se fazer imediatamente é avisar e comprovar que o animal de fato não está no recinto, está em fuga; avisar às autoridades e aos vizinhos moradores (do local) para que as medidas sejam tomadas, ou seja, que as pessoas fiquem recolhidas em casa, recolham os animais domésticos, e deixar as equipes de captura fazer o trabalho”.

SOBRE A MORTE

O comandante da Polícia Ambiental, tenente coronel Carlos Teixeira, afirma que a ação ocorreu dentro da técnica devida.

“Foi utilizado tranquilizante. A equipe de veterinários sedou através da rede, do pinção e dos tranquilizantes”, explica. A Polícia informa ainda que fez o possível para tentar captura o animal ainda dentro do bioparque e instalou armadilhas no entorno do local da fuga.

O secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Oliveira, comunica que um inquérito foi aberto após o conhecimento da morte para apurar o caso. A Polícia Civil deve analisar todo o procedimento, desde a queda da árvore que abriu um buraco no setor dos felinos.

A Polícia Civil aguarda o laudo cadavérico do animal para apoiar a investigação. Até o momento a Semar, não sabe informar o que causou a morte da onça “Menino”.

Daniel Oliveira lembra que há a possibilidade também de ter sido uma morte natural pelo estresse fora do local onde vive desde o nascimento.

Sobre a captura da onça, o médico veterinário comenta que, segundo a literatura, inicialmente o ideal é fazer a contenção química.

“Então, você utiliza fármacos apropriados para que você possa trazer tranquilidade e efetividade na contenção farmacológica desse animal. Cinco, sete minutos, que o animal começou a dormir você usa outra, o cambão, só para ter certeza que o animal dormiu. Mas se dormiu, acabou, não precisa mais nem usar isso, basta pegar e recolher”.

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*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso.

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