Profissionais da área da saúde que atuam Hospital de Urgência de Teresina (HUT) realizaram sérias denuncias sobre as condições de trabalho. Eles afirmam que falta o básico como luvas, aventais, descartáveis e até comida para acompanhantes e profissionais e quem uma ala de UTI pode ser fechada.
“Está horrível aqui no HUT. Nunca chegou a uma situação como está agora. Não temos estrutura, não temos EPI (Equipamento de Proteção Individual), não temos almoço para os pacientes e nem para os funcionários. Não tem nada. Ninguém sabe o que está acontecendo”, afirma a técnica em enfermagem, Jacqueline Oliveira.
De acordo com os funcionários, a ordem é racionar equipamentos de proteção individual, o que traz uma série de riscos aos profissionais e aos pacientes.
“Hoje pela manhã chegamos para o plantão com a sala lotada de pacientes e foi disponibilizado pela farmácia uma caixa de luva de vinil tamanho G e nos foi dito que não tinha avental descartável que é um EPI que nós precisamos para poder atender os pacientes”, relata Tauana Lira, técnica em enfermagem.

A técnica relata ainda que por volta das 08h45 um paciente teve uma parada cardiorrespiratória e os profissionais da saúde tiveram que realizar o atendimento munidos apenas da luva de vinil.
Além da falta de equipamentos, as denúncias relatam que há um racionamento de alimentos no setor de nutrição. Ou seja, nem todos os pacientes, acompanhantes e profissionais estariam recebendo o almoço ou jantar.
“Ontem as quentinhas que estavam sendo servidas só tinha arroz e feijão. Antes tinha a alimentação normal, agora está sendo regrada. Os pacientes estão comprando aqui fora e quem não tem dinheiro fica com fome”, conta o técnico em enfermagem Anderson Francisco.
Demora no atendimento
A falta de insumo reflete diretamente na demora por atendimento dos pacientes que estão há meses na espera.
No último dia 31 de janeiro, o Piauí TV, da Rede Cube, mostrou diversas denúncias de pessoas que estão internadas no HUT sem previsão de cirurgia por conta da falta de material hospitalar e de medicamentos.
“Já está com duas vezes que eles marcam a cirurgia e na hora eles ligam desmarcando por falta de material para os médicos do centro cirúrgico”, relata uma paciente que não quis se identificar.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Piauí (Senatepi), Erick Ricelly, se reuniu com os profissionais da categoria e disse que irá cobrar um posicionamento da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e caso contrário, os técnicos e enfermeiros podem parar as atividades.
“Nós estamos muito preocupados, pois chegar ao ponto de fechar um leito de UTI, uma coisa que já restrita e limitada por falta de insumos, é um dos maiores absurdos que a gente poderia passar. Nós precisamos de uma resposta da Prefeitura de Teresina e da Secretaria de Finanças. Não podemos mais atrasar em resolver pois mortes podem acontecer”, afirma o presidente do Senatepi.

O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) atende em média cinco mil pacientes por mês e é um centro de referência em traumatologia e conta com 368 leitos divididos em enfermaria adulto e pediátrica, semi-intensiva e unidade de terapia intensiva.
“Vamos verificar in loco, a comissão do hospital vai fazer um relatório para encaminhar para os órgãos competentes como o Ministério Público e a FMS. O que não pode acontecer é o único hospital grande do município ficar nessa situação e prejudicar a comunidade”, ressalta Joab Cavalcante, conselheiro municipal de saúde.
Em nota, a assessoria de comunicação do HUT informou que a direção-geral está em reunião com a Fundação Municipal de Saúde para tratar sobre o desabastecimento do hospital. O Conselho Regional de Medicina afirmou que também está ciente da situação e que já encaminhou relatório e ofício para os gestores do município.
O Conselho Regional de Enfermagem do estado também se manifestou sobre o assunto e disse que vai comunicar o Ministério Público do Piauí para que sejam traçadas estratégias conjuntas de atuação para solucionar o problema.
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