26 de julho de 2025

PM vai ter projeto antirracista para desmitificar que todo negro é suspeito, diz superintendente

Emanuel Pereira

Publicado em 01/03/2023 19:30

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A reunião tratou sobre políticas antirracistas na Polícia Militar (Foto: Ascom)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

Uma reunião, na manhã desta quarta-feira (01), em Teresina, debateu a criação de um projeto antirracista para policiais militares, que deve ser incluído nas grades curriculares da instituição, para humanizar o serviço prestado pela Polícia Militar do Piauí.

A superintendente de igualdade racial e povos originários da Superintendência de Direitos Humanos (SASC-PI), Assunção Aguiar, explicou que essa política busca humanizar o serviço policial nas ruas e, sobretudo, promover a conscientização sobre a importância da população negra para a história do Piauí e do Brasil.

“A população negra é maioria neste país e, mesmo assim, o negro é sempre tratado como suspeito de cometer crimes ou fazer algo errado. Essa mentalidade precisa mudar”, destacou.

Segundo Assunção Aguiar, os negros são discriminados, não somente por policiais, como também pela população em geral. Ela afirma que um processo de reeducação é necessário para compreender a importância do povo negro.

DADOS

Dados do relatório da Rede de Observatórios de Segurança, lançado em novembro de 2022, revelam que, em 2021, 75% dos mortos pela polícia no Piauí eram negros. Porcentagem próxima à quantidade de negros no estado, 74%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As mortes de negros em ações da polícia sobem ao observar somente a capital, Teresina, onde a porcentagem chega a 83% e os casos ocorrem principalmente nas periferias.

No Brasil, das 3.290 vítimas da letalidade policial, em 2021, 2.154 foram negras.

Os dados foram colhidos pela Rede de Observatórios de Segurança por meio da Lei de Acesso à Informação e dilvulgados pela Agência Brasil.

CAPACITAÇÃO

O Comandante-Geral da PMPI, Coronel PM Scheiwann Lopes, esteve presente no encontro e comentou sobre o quanto é essencial adotar a política antirracista na corporação.

“A ideia é massificar a grade curricular com o curso de capacitação, complementando as cargas horárias daquilo que entendemos ser pertinentes para a sociedade”, pontuou.

PREVISÃO DE INÍCIO

Após o diálogo com a Polícia Militar, nesta quarta-feira, a superintendente acredita que o projeto será implantado até o próximo mês de maio, de modo que todos os policiais, veteranos e novatos, devem realizar a capacitação.

“No máximo, em maio, já deve haver policiais colocando em prática tudo que for ensinado da capacitação. A política já está encaminhada, só falta definir as disciplinas e a carga horária”, frisou.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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