Nas cores do arco-íris: "o respeito é a balança da justiça", declara advogado transexual

Miguel Cardoso é um homem transexual que exerce a função de advogado e luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+

Miguel Cardoso é transexual e luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ (Foto: arquivo pessoal)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

Ao receber a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2018, o jurista transexual Miguel Cardoso, de 30 anos, realizou um juramento solene, pelo qual se comprometeu a exercer a advocacia com dignidade, em consonância com a Constituição Federal, os direitos humanos e a rápida administração da Justiça.

Nos últimos cinco anos, o profissional se dedica a cumprir estas prerrogativas, especialmente no que se refere à luta pelos direitos da população LGBTQIAP+.

Além de advogado, Miguel também é estudante do terceiro período de Filosofia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Como filosofia de vida, ele utiliza a frase “o respeito é a balança da Justiça”, para reforçar o seu propósito de combater a intolerância contra a comunidade LGBTQIAP+.

“Com essa frase quero representar o respeito como fonte de toda a justiça e como instrumento de combate a qualquer tipo de discriminação, especialmente contra as pessoas transexuais. Estou sempre em busca de seus ideais e sempre me dedicando a evitar o desrespeito aos direitos e garantias fundamentais destes cidadãos”, disse.

Na última matéria especial da série “Nas cores do arco-íris”, o Portal ClubeNews conta a história de um grande militante da causa LGBTQIAP+. Sem medo de enfrentar o preconceito, Miguel ousou transformar sua identidade de gênero para ensinar que todos temos o direito de ser quem somos.

Miguel Cardoso é transexual, bissexual e luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ (Foto: arquivo pessoal)

IDENTIDADE DE GÊNERO

O advogado é natural do município de Valença do Piauí, mas reside em Teresina desde 2009. Ele afirma que sempre se identificou como um menino e, aos 18 anos, descobriu que era um homem transexual.

Miguel também é bissexual, orientação que não foi bem aceita por sua família. Por isso, ele decidiu ter mais cautela ao escolher o momento de revelar sua identidade de gênero.

O militante escolheu concluir o curso superior para começar a transição de gênero, ocorrida em 2019.

“Planejar como seria inserir esse assunto na família, que não aceitava a muito o fato de eu ser bissexual. Minha transição começou só após estar trabalhando. Tomei os hormônios, mudei meu nome, meu gênero e minha vida”, afirmou.

Miguel continua na advocacia e como militante da causa LGBTQIAP+. Conforme o jurista, sua família sente orgulho da sua trajetória como profissional e ser humano.

Miguel Cardoso é transexual e luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ (Foto: arquivo pessoal)

DIREITOS LGBTQIPA+

O currículo de Miguel Cardoso é muito extenso. Além de ser formado em Direito e estudante de filosofia, ele também é integrante da Aliança nacional LGBTQIAP+, integrante da comissão da diversidade sexual da OAB-PI, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal, Direito Constitucional e Administrativo e Docência de Ensino Superior.

Lutar pelos direitos desta comunidade faz parte da missão do advogado. Sua história de coragem e superação inspira muitos membros do grupo a lutarem pelos seus sonhos.

“Estou sempre em busca de direitos igualitários para consolidar o respeito, a liberdade de expressão e a dignidade. Como homem transexual, sempre compartilho minhas experiências e vivências à nova geração, com o intuito de acolher a população LGBT”, pontuou.

O profissional exalta a resiliência e a força da comunidade, mesmo quando seus direitos são repetidamente violados. Ele acredita que a melhor maneira de vencer o preconceito é não desistir do sonho de consolidar uma sociedade livre, justa e solidária, segundo o disposto na Constituição Federal de 1988.

“Desistir não faz parte do meu vocabulário. Eu acredito muito no potencial da população LGBTQIAP+ e estamos conseguindo, diariamente, ocupar mais espaços e mais equidade de direitos. Precisamos ser muito fortes para conseguir o mínimo: os direitos fundamentais resguardado pela nossa Carta Magna. Mas iremos derrubar esse sistema opressor”, concluiu.

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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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