Isadora Cavalcante**
isadora.cavalcante@tvclube.com.br
O 19 de abril é conhecido no Brasil como o “Dia dos Povos Indígenas”, e essa data não foi escolhida à toa. Sua origem remete a um protesto realizado em 1940, quando a comunidade reivindicava medidas de proteção e sobrevivência no continente americano. Passados 83 anos desde o ato, a data ainda é sinônimo de resistência aos povos originários.
No Piauí, estado onde concentra 7.063 indígenas organizados em 153 municípios, existe pouco reconhecimento da cultura indígena na população. Essa é a observação do cacique da comunidade Tabajara Tapuio de Lagoa de São Francisco do Piauí, Henrique Manoel, ao Portal ClubeNews.
“É triste quando vejo pessoas que debocham da data. Porque para nós, povos indígenas, não é uma simples comemoração, e sim um dia de resistência, de mostrar nossa luta por sobrevivência. Muita gente acha que não existe indígena no Piauí e nós mostramos que estamos aqui. O dia do indígena também serve de luta em políticas públicas, que nós temos direito como qualquer outro cidadão”, disse o cacique.
Embora sejam os primeiros habitantes do nosso país, os povos indígenas ainda sofrem com situações de discriminação social, negligência de seus direitos e o silenciamento constante de sua voz. Mesmo contemplados pela Constituição Federal, esses direitos só foram conquistados por meio de uma luta histórica que já existe há mais de 521 anos.
O cacique comenta os povos indígenas, principalmente os do Piauí, foram silenciados por anos. Os povos do estado piauiense, por exemplo, segundo o cacique, ficaram 200 anos isolados e silenciados, dados como exterminados. “Porém, nós sempre existimos e provamos que estamos vivos, lutando pelo nosso direito”, acrescenta.
Para o pesquisador da história indígena no Brasil, João Paulo Peixoto, o dia 19 de abril vem para renovar a visibilidade das lutas indígenas no Piauí, antes marcada pela sobrevivência e hoje pauta na defesa pelo Meio Ambiente.
“Os indígenas no Piauí resistiram ao extermínio físico mantendo-se vivos, seja formando as sociedades mestiças nos sertões como também as comunidades que guardaram as memórias antigas. Hoje se organizam no movimento contemporâneo. Hoje, contribuem se constituindo como um dos principais exemplos de luta pelo meio ambiente e consolidação da cidadania”, ressaltou o doutor em políticas indígenas.
*As fotografias enviadas pelo cacique da comunidade Tabajara Tapuio de Lagoa de São Francisco do Piauí, Henrique Manoel, ao Portal ClubeNews.
Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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