Populares atearam fogo em pneus e interditaram a Avenida Barão de Gurguéia, zona Sul de Teresina, na manhã desta quarta-feira (26). A manifestação aconteceu em frente à sede da Superintendência de Ações Administrativas Descentralizadas (Saad Sul).

O protesto foi iniciado após a Prefeitura de Teresina desocupar, na terça-feira (25), uma área do bairro São Pedro, zona Sul da cidade, onde cerca de 40 famílias se instalaram no local no dia 21 de abril.

Uma das manifestantes, que preferiu não ser identificada, afirmou ter oito filhos e que a família teve todos os mantimentos queimados durante a desocupação. A ação foi realizada pela Guarda Municipal, servidores do Consórcio Teresina Ambiental (CTA) e fiscais da Saad Sul.

“Eu moro em uma casa cedida por uma família. Tenho oito filhos. A maioria aqui mora de aluguel, em casa de mãe. Cada um quer seu lar. Nós ocupamos lá na sexta-feira. Ontem, chegaram lá a Guarda Municipal, a CTA, não deram bom dia, não falaram nada. Não fomos avisados. Queimaram nossos mantimentos. Meus filhos não comeram porque eles queimaram tudo”, afirmou.

Prisão

O comandante do 1° Batalhão da Polícia Militar, major Wilton, explicou que uma mulher foi detida após quebrar o vidro de uma das portas de entrada do prédio. Ela foi conduzida à Central de Flagrantes.

“Foi conduzida para a Central de Flagrantes uma senhora por ter danificado o patrimônio público. As provas estão ali. A manifestação tem que ser legal. Para que seja legal, não pode atrapalhar a vida do cidadão, que está trabalhando”, disse.

O companheiro da mulher seria o responsável por organizar a queima dos pneus. Segundo a polícia, ele fugiu do local a pé, antes da prisão. O momento em que a vidraça da porta foi quebrada foi registrado por funcionários da Superintendência.

Trânsito

Uma grande cortina de fumaça se formou e o Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas. O fluxo de veículos no sentido Centro – zona Sul foi interrompido. Condutores que trafegavam pelo local precisaram utilizar vias alternativas.

Por volta das 12h, a assessoria de comunicação da Saad Sul enviou a nota sobre o ocorrido. Nela, a pasta informou que “o protesto se deu em função da desobstrução de uma via pública, realizada ontem (25) no bairro Santa Luzia, zona Sul de Teresina”.

Confira a nota da íntegra: 

Na manhã desta quarta-feira (26), manifestantes fizeram um protesto em frente à sede da Superintendência de Ações Administrativas Descentralizadas Sul, localizada na avenida Barão de Gurgueia na Zona Sul de Teresina.

Durante o protesto, os manifestantes interditaram a via com pneus e atearam fogo. Alguns destes mais exaltados tentaram invadir o gabinete da superintendência e passaram a danificar o patrimônio, com danos a portas e janelas do prédio, cujos efeitos serão objeto de perícia. Uma mulher foi presa por quebrar vidros de janela da superintendência.

O protesto se deu em função da desobstrução de uma via pública, realizada ontem (25) no bairro Santa Luzia, zona Sul de Teresina.

Sobre esse motivo alegado pelos manifestantes, a Saad Sul informa que no último final de semana, a Gerência de Fiscalização e Controle da Saad Sul recebeu denúncias acerca da ocupação irregular no logradouro público e área de preservação permanente, com demarcações de terreno na via, construção de armações e barracos, além da instalação de barricadas. Contudo, a Saad Sul esclarece que as vias públicas são para circulação pública da população, em seu direito de ir e vir, e é proibida a obstrução e/ou invasão com intenção de ocupá-las.

Além da remoção, os manifestantes reivindicam moradias na Vila Campina, zona Sul de Teresina.

A Saad Sul esclarece que em 2021 foi realizado um cadastro habitacional com cerca de 15 famílias da região. Em 2022, o cadastro foi atualizado para 28 famílias e a Saad Sul procedeu com a elaboração do projeto para a construção das unidades habitacionais na área cedida pela prefeitura. Vale ressaltar que a solicitação de cadastro para as 28 famílias foi feita pela própria líder comunitária e atendida na época pelo superintendente Juca Alves.

Contudo, a mesma liderança comunitária reivindica uma nova atualização de cadastro, com a inserção de mais de 50 famílias, o que é inviável para o projeto habitacional em andamento.

Na época, a Saad Sul solicitou atendimento social da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas (SEMCASPI), para entrega de cestas básicas às famílias cadastradas, alem da capacitação dessas pessoas pela Fundação Wall Ferraz (FWF).

A Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas Sul respeita toda e qualquer manifestação, desde que realizada de forma pacífica, ordeira e com resguardo ao direito do outro, e repudia todo tipo de violência.

Sobre o recente episódio que restringiu o direito de ir e vir, com obstrução da Avenida Barão de Gurgueia, e causou danos ao patrimônio público a Saad Sul se coloca a disposição para o diálogo, mas devido a violência dos manifestantes, só após a chegada da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal, eles foram recebidos no gabinete da Saad Sul pelo Superintendente Executivo, Isaac Meneses, e pela Gerente Habitacional, Jeovanna Alencar.