O pai e os avós paternos do bebê Weslley Carvalho Ferreira, de um ano e 10 meses, que teria sido morto em um ritual, vão a júri popular por homicídio e ocultação de cadáver. O crime teria ocorrido em dezembro de 2021, na zona Rural de Altos. O corpo nunca foi localizado.
A decisão do juiz Ulysses Gonçalves da Silva Neto, da Comarca de Altos, saiu na última segunda-feira (17). O magistrado optou pela absolvição da mãe do bebê, Ângela Valéria.
Segundo o advogado de defesa, Smailly Carvalho, a mãe de Wesley foi absolvida por falta de indícios de sua participação no crime. A defesa alega que o pai e os avós também deveriam ser absolvidos, e que irá recorrer da decisão.
“Vamos recorrer da decisão. A polícia não trouxe nenhuma prova que houve um crime de homicídio, poderia ter sido o sequestro ou adoção que não foram investigados. Não acreditamos que a criança morreu em um ritual, são inexistentes as provas dessas versões”, afirmou o advogado.
Durante as investigações, onze pessoas chegaram a ser presas, incluindo os pais da criança que foram soltos, mas cumprem medidas cautelares. Ao todo sete pessoas foram indiciadas pelo crime.
Versões do caso
Na primeira versão, o bebê teria sido sequestrado por dois homens armados, no dia 29 de dezembro de 2021, na praça da Bandeira, no Centro de Teresina, por volta das 6 horas. Segundo a mãe, ela foi ameaçada de morte junto com o marido.
A versão do desaparecimento era defendida, inicialmente, pelos quatro envolvidos. Essa versão foi descartada pela polícia, que passou a trabalhar com homicídio e ocultação de cadáver.
Outra versão dos familiares era de que a criança teria caído dentro de um poço, também descartada pela investigação policial.
Na última versão, o pai relatou que a criança morreu de causas naturais e o corpo teria sido cremado.
Bebê passou fome e sede
A mãe do bebê Wesley Carvalho Ferreira declarou em depoimento, segundo acompanhou a conselheira tutelar, Socorro Arrais, que a criança – de um ano e 10 meses – passou fome e sede antes de passar mal e ter o corpo jogado em uma caieira, que é uma cova rasa feita na terra para fazer carvão.
O bebê participava de um jejum em suposto ritual para quebrar uma maldição. Uma criança de 12 anos – membro da família – seria o “profeta”, que dava às ordens aos demais.
O ritual seria para “quebrar uma suposta maldição”. Todos da família – incluindo avôs paternos, os pais do bebê e outros membros – teriam que passar 15 dias em jejum total, incluindo sem banhos. O teor da maldição não foi revelado.
Os vestígios do corpo da criança ainda não foram localizados. A cremação do corpo teria ocorrido na casa da família, localizada no povoado São Bento, na zona rural de Altos. O local foi apontado pelo pai do bebê durante depoimento à Polícia Civil do Piauí.
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