
O Piauí deve atingir recorde na safra de caju deste ano: conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da castanha da fruta irá atingir cerca de 27.446 toneladas, um aumento de 27% em relação a 2022.
Em Pio IX, a 430 km de Teresina, município situado na maior bacia produtora de caju do estado, responsável por 50 mil toneladas, a colheita tem crescido, mas os agricultores enfrentam dificuldades para encontrar compradores.
À TV Clube, o agricultor Francisco das Chagas relata que consegue em média cem caixas – bem acima das 70 do ano passado -, mas vendeu apenas 40 nos últimos sete dias.
“Há ainda uma grande parte para ser trazida. Vamos tentar aproveitar pelo menos a castanha. Continuo colhendo sem saber se vou lucrar porque é o que sei fazer, aprendi e investi nisso”, desabafa.

Segundo os produtores da região, o crescimento na oferta fez o preço despencar: a caixa de 20 kg caiu de R$ 15 para R$ 8. A castanha virou uma opção para tentar reduzir os prejuízos, mas mesmo essa alternativa não é eficiente, já que o quilo vale apenas R$ 4, quase 40% a menos que o ano anterior.
Os cajus produzidos são vendidos a uma fábrica de suco de Santo Antônio de Lisboa, a 90 km de Pio IX. A unidade deve fabricar 40 milhões de litros apenas em 2023, 25% a mais em relação à última safra.
“A capacidade instalada dessa indústria é de 200, 250 toneladas por dia. Já trabalhamos com 310. Produzimos 1 milhão de kg por semana. Queremos aproveitar o máximo do pedúnculo [parte suculenta da fruta]”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Caju, Leontino Nascimento.

Apesar das previsões da fábrica, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pio IX, Edinaldo Andrade, alerta para a situação atual dos agricultores e produtores rurais.
“Precisamos de um esforço da sociedade civil e dos governos municipal e estadual tanto na busca de novos investimentos, quanto de mercados consumidores. Se continuar assim, o agricultor pode desanimar e abandonar essa cadeia produtiva”, ressalta.
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