A ausência de uma rede de apoio para estimular seu trabalho deixou a estudante Vanessa Santos, de 25 anos, desmotivada. Empreendedora do setor de sex shop, a acadêmica de psicologia descobriu, há seis meses, o Projeto Feira na Praça, que renovou sua esperança de alcançar o sucesso no mundo dos negócios.

A iniciativa existe há dois anos e ocorre na Praça do Guiné, localizada no bairro Parque Sul, zona Sul de Teresina. Os eventos ocorrem aos sábados e reúnem cerca de 40 microempreendedoras de diversos setores, que movimentam a economia da região.

A união entre as colaboradoras possibilita geração de renda às suas famílias e impulsiona mulheres a realizarem seus sonhos. Vanessa teve sua vida transformada após participar desta ação, pois, além acreditar no potencial do seu negócio, ela investiu em sua formação acadêmica.

“Eu me senti inspirada pra continuar no caminho do empreendedorismo, porque estar no projeto é um processo de resiliência. Em relação aos estudos, eu já estava na graduação e também buscando aprimorar meus conhecimentos. Acredito que o projeto me impulsionou a seguir os meus objetivos. Nesta jornada, o apoio da professora Rita é necessário para fortalecer o grupo”, disse.

A professora Rita,  mulher, pedagoga, líder comunitária, idealista, obstinada e de tamanha sensibilidade que, ao perceber as dificuldades enfrentadas pelas microempreendedoras da sua comunidade, fundou o Projeto Feira na Praça, a fim de ajudá-las a superar a crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19.

Rita de Cássia, de 53 anos, mora há mais de duas décadas no bairro e sua maior meta colocar mulheres em lugar de destaque por meio desta iniciativa.

“Coordeno esse projeto pela necessidade de apoiar as mulheres, porque ainda somos vistas como fracas e sem poder de decisão. Na nossa comunidade, buscamos visibilidade a todas elas de fortalecer a aliança entre as moradoras da região e, dessa forma, temos colhido bom resultados, visto que as empreendedoras que participam das feiras estão crescendo”, afirmou.

Este exemplo de Sororidade & Negócios também conquistou seu espaço na editoria do Portal ClubeNews, que se propõe a contar essa história inspiradora de mulheres unidas pelo objetivo de garantir valorização ao empreendedorismo feminino.

FEIRAS DE OPORTUNIDADES

As feirinhas de empreendedorismo ocorrem quinzenalmente, aos sábados, reunindo toda a comunidade do Parque Sul em eventos que fomentam geração de renda, bem como o lazer e a cultura, pois a coordenação do projeto sempre leva atrações musicais e artísticas, palestras e oficinas para garantir entretenimento à população.

No último dia 16 de setembro, a Feira na Praça completou dois anos de atividades e a próxima reunião das microempreendedoras na Praça do Guiné está prevista para outubro.

Segundo Rita de Cássia, todas as ações realizadas nas feiras são elaboradas de acordo com as necessidades de toda a comunidade.

“Buscamos trazer o público com atividades voltadas para alinhar com a necessidade do povo. Convidamos parquinhos de diversões, grupos de danças e ações em alusão ao Dia das Mulheres, Dia das Mães, Setembro Amarelo, Outubro Rosa, Dia das Crianças e Natal”, destacou.

A iniciativa bem-sucedida fez a pedagoga traçar objetivos ainda maiores para a Feira na Praça. Junto a outras dez mulheres, a idealizadora fundou a Associação de Mulheres Empreendedoras do Grande Parque Sul, em busca de melhores condições de trabalho às colaboradoras.

“A feira levou a este a este grande desafio de criar esta associação. Já recebemos o estatuto e vamos registrá-lo, pois o nosso maior sonho é ter um centro de produtividade no nosso bairro”, explicou.

TRANSFORMANDO VIDAS E NEGÓCIOS

A Feira na Praça coleciona histórias de mulheres que alcançaram maior prosperidade nos negócios. Uma delas é a Thatiana Ribeiro, artesã de acessórios infantis que encontrou, no empreendedorismo, uma fonte de renda após fechar sua academia de ginástica.

Formada em Educação Física, a profissional de 38 anos teve de deixar esta profissão e, durante o periodo de isolamento social em 2020, transformou seu passatempo em uma atividade lucrativa. Sua presença nas feiras do projeto deixou seu trabalho ainda mais conhecido na região.

“Eu participo da feira na Praça do Guiné há quase dois anos e vejo isso como forma de divulgar o meu trabalho, obter futuras oportunidades de vendas e ter o contato com mais clientes”, frisou.

As colaboradoras também estão de portas abertas para receber quem, recentemente, decidiu seguir o caminho do empreendedorismo. É o caso de Camila Lopes, que vende maquiagens e outros produtos de beleza há somente seis meses.

A jovem de 26 anos relata todas as vantagens de ser uma feirante do projeto.

“Esse projeto ajudou a difundir ainda mais nossa marca, tanto que o nome da loja já é uma das mais mencionadas em pesquisas ocorridas no do bairro. A troca de experiências com outras empreendoras também me ajudou a amadurecer e ter outras ideias para colocar em prática no empreendimento”, pontuou.

SORORIDADE

O Projeto Feira na Praça é uma das iniciativas mais reconhecidas por demonstrar o quanto a sororidade é importante ao empreendedorismo feminino.

A professora Rita de Cássia é apaixonada por esta iniciativa e não mede esforços para ver o projeto se expandir. Seu exemplo de liderança inspira as colaboradoras a se unirem em prol deste objetivo.

“A sororidade, de maneira geral, diz respeito à união das mulheres. Envolve um sentimento de irmandade, empatia, solidariedade e companheirismo. É respeito e admiração. E tudo isso está presente no Projeto Feira na Praça”, finalizou.