Cerca de 800 casos de estupro de vulneráveis foram registrados, até novembro deste ano, no Piauí, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-PI). As vítimas são crianças e adolescentes de zero a 17 anos.

A delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Lucivânia Vidal, explicou que o estupro de vulnerável é cometido contra menores de 14 anos, enquanto o estupro qualificado vitima jovens de 14 a 18 anos.

“Além do Disque 180 [canal de denúncia contra crimes de violência], o Boletim de Ocorrência (B.O.) pode ser registrado em qualquer delegacia. Nós o receberemos e daremos início à investigação”, garantiu à TV Clube.

Uma mulher que não quis ser identificada relatou que seu filho de 10 anos, uma pessoa com deficiência (PCD), foi abusado sexualmente, mais de uma vez, por um familiar.

“Descobri por meio de outra criança que ele [o abusador] pegou nas partes íntimas dessa outra criança. Foi o que abriu o gatilho para que eu perguntasse ao meu filho e descobri que ele o tinha aliciado. Foi um baque muito grande, era uma pessoa que ajudava a gente há muitos anos”, lembrou.

A mãe da vítima afirmou que toda a família, incluindo ela, o esposo e o filho, passam por acompanhamento psicológico desde que o crime foi descoberto.

“Estamos bastante abalados, isso afetou todo o mundo. A gente não consegue mais a ir um parquinho sem medo, não deixo mais nem meu filho ir ao banheiro se eu não estiver na porta. Às vezes até entro junto no banheiro para deficientes físicos. Nossa vida mudou completamente”, lamentou.

Na visão da psicóloga Layse Policarpo, o olhar atento da família é um fator determinante para identificar comportamentos de crianças vítimas de abusos sexuais. Já no ambiente escolar, professores e outros profissionais também desempenham um papel importante nesse sentido.

“Muitas escolas contam com orientadores e psicólogos educacionais, os quais criam um canal para que os estudantes compartilhem momentos difíceis como esses”, apontou.