
Os povos indígenas do Brasil são diversos, inclusive nas vestimentas, que variam a cada povo e região. Durante a época das festividades de Carnaval, é necessário entender que usá-las como fantasias pode ser desrespeitoso.
O Portal ClubeNews conversou com o cacique do Povo Tabajara Alongá da Oiticica, de Piripiri, e Mestrando em Antropologia na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Sávio Tabajara, que explica sobre o uso das fantasias de indígenas nessa época do ano.
“É importante essa diversidade ser representada, mas também é importante saber se isso é aceito, se estamos de acordo. Porque, em muitos casos, há determinadas vestimentas que são rituais. Elas são sagradas”, explica Sávio.
“Muitas vezes, essa dita fantasia é justamente mostrando um corpo semi-nu. É como se fosse um corpo que está ali à disposição, e isso incomoda. Prejudica porque passa uma imagem de que essas pessoas são simplesmente um objeto”, acrescenta.
O cacique destaca que este problema se deve ao fato da população brasileira ser mal informada sobre as populações originárias. “Nós estamos aqui há milênios e folclorizam muito a visão que se tem sobre nós, inclusive nos chamam ainda de índios”, frisa.
“Não somos uma coisa do passado, não somos os derrotados da história. Pelo contrário, nós estamos aqui há milênios, interagindo com as demais formas de vida, inclusive somos chave para o futuro das nações, não só brasileira, mas mundial, pois protegemos os recursos naturais”.
O cacique pontua que o uso de fantasia de “índio” é pejorativo, “pois sequer estimula o senso crítico a respeito do que os povos indígenas passaram, e ainda passam nos últimos 500 anos. Sobretudo, atualmente, com o avanço sobre os territórios”.