13 de agosto de 2025

Malhação de Judas: saiba como surgiu e o qual o significado da tradição do Sábado de Aleluia

Bruno do Carmo

Publicado em 30/03/2024 11:00

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Malhação de Judas no bairro Cremação, em Belém (Foto: Mácio Ferreira/Prefeitura de Belém)

Bruno do Carmo
brunodocarmo@tvclube.com.br

Difundida em diversos países da América Latina e na Europa, a “Malhação do Judas” é uma importante manifestação cultural da Páscoa Cristã que está presente no folclore brasileiro. A tradição das comunidades – de confeccionar bonecos, pendurá-los, queimá-los ou malhá-los (bater) – representa uma retaliação à traição de Judas Iscariotes contra Jesus Cristo e ocorre entre a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia.

Judas foi um dos doze apóstolos de Jesus e o traiu, por 30 moedas de prata, ao entregá-lo para crucificação em Jerusalém. No livro de Mateus, da Bíblia Sagrada, as escrituras apontam que o ato foi concretizado com um beijo, figurando a relação próxima e amigável entre ele e Jesus.

O teólogo e ministro extraordinário da Sagrada Comunhão da Igreja Católica, Saulo Soares, explica que a “história demonstra que o traidor está mais perto da pessoa Judas, que estava convivendo com Jesus diariamente, participou da Santa Ceia, mas mesmo assim foi capaz de trair Jesus, por um poço de moedas, que depois jogou até fora”, discorre.

Teólogo Saulo Soares (Foto: arquivopessoal)

Após a traição, o mesmo chegou a se arrepender, reconhecendo o que havia feito e, em seguida, tirou a própria vida. “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: – Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: – Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar” (Mateus 27:3-5).

O especialista comenta que a malhação é uma demonstração alusiva que reafirma a desaprovação da atitude do discípulo. “A malhação do Judas significa a demonstração contra os traidores, contra a traição específica que Jesus sofreu do seu amigo Judas Iscariotis. Então, a população, de forma folclórica, pune Judas até hoje, pelo que ele fez”, fala.

Conforme o teólogo, o costume foi popularizado na época colonial, pelos portugueses e espanhóis que o incorporaram na cultura brasileira. Na versão portuguesa, a prática é denominada “Queima de Judas”.

“Essa tradição chegou ao Brasil por meio de Portugal, por meio da Espanha, incorporada na época colonial. Em Portugal, o termo malhação do Judas é outro. Se usa o termo ‘Queima do Judas’, porque fazem os bonecos, colocam nos postes representando Judas e fazem a queima. Aqui (no Brasil) também se faz a queima, ou se faz a batida com vassoura, ou outros métodos”, relata.

A prática resiste aos dias atuais e pode denotar outras formas de protestos. Saulo diz ainda que o ato pode representar manifestação contra figuras contemporâneas, que podem também ser consideradas hipócritas de alguma forma pela sociedade.

“Nesta época em que estamos vivendo a quaresma, entre o Sábado de Aleluia e o Domingo da Páscoa, em que a população reafirma o erro de Judas, a traição de Judas, muitas vezes a população faz bonecos até de outras pessoas que vivem atualmente, que elas consideram também traidoras e que precisam malhar”, exemplifica.


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