6 de julho de 2025

Especialista fala sobre a luta antimanicomial

Mayrla Torres

Repórter
Publicado em 28/05/2024 16:00

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Protesto contra manicômios (Foto: Agência Brasil)

Maio é o mês da luta antimanicomial no Brasil e o dia 18 marca o movimento de visibilidade nacional. A mobilização ganhou força no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 para transformar o modelo de atendimento psiquiátrico no país.

Uma das conquistas foi a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), instituição que visa à substituição dos hospitais psiquiátricos – antigos hospícios ou manicômios – e os métodos para cuidar de afecções psiquiátricas.

A assistente social Sayonara Lima, doutora em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), explicou que o movimento da luta antimanicomial ensinou a importância de lutar pelos direitos de pessoas com transtornos mentais.

“Aprendemos a entender que elas têm direito à liberdade, à vida digna, que elas precisam ser vistas como pessoas. Dentro do CAPS e na política de saúde mental, buscamos trabalhar de maneira a empoderar essas pessoas e fazer com que as nossas práticas sejam, cada dia mais, anti-manicomial. Que a gente possa estar trazendo para eles a importância do cuidado em liberdade, que eles podem se conviver em sociedade, com a família”, disse.

Mudança cultural

Sayonara conta que a população brasileira precisa mudar culturalmente para entender a situação das pessoas em situação de vulnerabilidade social.

“Quando a luta de 18 de maio foi pensada, não foi apenas pelo fechamento dos hospitais psiquiátricos, mas com a desconstrução de uma cultura excludente. Buscamos trazer práticas que incluam essas pessoas na sociedade. Isso vai dar forma a como a gente lida diariamente com o nosso dia-a-dia”, afirmou.

Inclusão social

Sayonara explica que transtorno mental não pode ser associado apenas a esquizofrenia, mas qualquer síndrome que provoca angústias. Pessoas com transtorno de ansiedade, depressão e afetadas por sofrimento psíquico são cuidadas nos centros de acolhimento.

“Muitas vezes, acham que o CAPS vai resolver todos os seus problemas dessas pessoas, mas ela precisa acessar outros serviços. Precisa ser atendida as suas reais necessidades. Precisando ser vista como um sujeito de direito. Nosso papel é dar evasão a essas informações para que todos entendam”, conclui a assistente social.

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