A jornalista Yara Ataide, que denunciou o ex-marido sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí, relatou que só não foi agredida na época do namoro. Em entrevista à TV Clube, nesta quinta-feira (19), ela afirmou que agora, ao superar a dependência emocional, conseguiu expor as agressões e colocar a sua vida em primeiro lugar. O casal ficou junto por sete anos e tiveram dois filhos.
“Ele só não era agressivo no namoro; após isso, sempre. Já chegou a apontar arma para mim, dizer que vai me matar. Chegou a me agredir no resguardo da minha filha mais nova. Na gravidez, descobri várias traições. Continuei com ele por causa da dependência emocional que eu tinha”.
Com coragem e pensando nos filhos, a Yara decidiu romper com o ciclo de violência na relação com Gilvan Freitas Rodrigos. Agora, ela usa a própria superação para ajudar outras vítimas a denunciarem os seus agressores.
“Eu quero alertar as mulheres que sofrem violência: não se calem, vocês irão conseguir quebrar esse ciclo, como eu consegui. Está doendo, está machucando, mas não vale à pena trazer para nossas vidas uma pessoa que só nos desmotiva, que adoece o nosso psicológico. A gente tem que se colocar em primeiro lugar, coisa que em sete anos eu não fiz”.
NOVA AGRESSÃO
A jornalista conta que, na quarta-feira (18), o ex-marido foi até a porta da sua residência e começou a agredi-la verbalmente. Depois de algum tempo, a agressão física começou. Um boletim de ocorrência foi registrado.
“Ele veio para cima de mim e me enforcou. Foi nisso que decidi mostrar para todo mundo o agressor que ele é”, disse a vítima de violência doméstica entrevista ao repórter Edgar Neto, da TV Clube. As câmeras de segurança também gravaram a cena de violência.
A vítima também relatou uma das violências físicas sofridas em ambiente público, durante uma festa junina, no ano passado. Na época, eles estavam separados. “Eu não sabia que ele estava neste evento junino”, diz.
“Ele veio para cima de mim. Eu tentei me defender. Ele desferiu vários socos na minha cabeça. Um rapaz vendo aquilo deu um chute nas costas dele. Ele puxou a arma e atirou para cima. Foi quando a polícia veio e levou ele preso em flagrante”, recorda. No outro dia, o denunciado pagou fiança e foi solto.
O QUE DIZ A CORPORAÇÃO
O Corpo de Bombeiros do Piauí informou em nota que “foi determinada a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta do militar, tanto no âmbito de suas funções dentro da corporação quanto em sua vida social”. Veja a nota da íntegra ao final da matéria.
Yara comenta que o ex-marido falava para ela não denunciar as agressões, pois poderia ser expulso do Corpo de Bombeiros. “Eu espero que ele saia da corporação porque um agressor não é para estar em uma corporação que salva vidas”.
“Ele destruiu uma vida, ele destruiu o meu psicológico. Hoje eu sou uma pessoa altamente depressiva, ansiosa. Antes de conhecer ele, eu era uma pessoa saudável. Eu não sou uma pessoa saudável. Eu espero que ele seja preso e pague por todos esses anos, por todos esses danos que nunca mais sairão da minha vida. Com anos de terapia, eu nunca vou esquecer”.
O Portal ClubeNews tenta contato com Gilvan Freitas Rodrigos, mas ainda não conseguiu retorno do ex-marido da vítima. O espaço está aberto para manifestação. O sargento não foi preso.
A Secretaria Estadual de Segurança comunicou que também acompanha o caso, que será investigado pela Delegacia da Mulher de Timon, da Polícia Civil do Maranhão. O crime aconteceu na cidade maranhense.
DIVULGAÇÃO DE VÍDEO
A jornalista Yara Ataide usou as redes sociais, na noite de quarta-feira (18), para denunciar o ex-marido, o sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí, Gilvan Freitas Rodrigues.
No Instagram, a jornalista publicou um vídeo no qual aparece sendo agredida com um soco na residência onde o casal morava. As imagens foram gravadas no dia 14 de julho.
As imagens retiradas de uma câmera de segurança foram concedidas por Yara Ataide ao Portal ClubeNews. Ela relatou que sofreu agressões durante os sete anos de relacionamento conjugal.
Além do vídeo, ela postou uma foto que aparece com o olho roxo em decorrência de uma das agressões.
NOTA CORPO DE BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMEPI) vem a público informar que, na manhã desta quinta-feira (19), tomou conhecimento das recentes imagens veiculadas na mídia, supostamente envolvendo um bombeiro militar da corporação em uma lamentável cena de violência doméstica.
O CBMEPI esclarece que foi determinada a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta do militar, tanto no âmbito de suas funções dentro da corporação quanto em sua vida social.
Reiteramos que qualquer comportamento que atente contra a dignidade da pessoa humana não reflete os valores do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí. Não apoiamos, incentivamos ou compactuamos com qualquer tipo de violência.
O CBMEPI reafirma seu compromisso com os direitos humanos, com a proteção da integridade das mulheres e com a promoção de uma sociedade segura, baseada no respeito, dignidade e acolhimento, que são deveres de todo agente de segurança pública.
REDE DE APOIO À MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Centro de Referência Especializado Esperança Garcia (CREG)
– Telefone: (86) 99412-2719
– Endereço: Rua Agripino Maranhão, 235 – Noivos, Teresina-PI
Defensoria Pública do Estado – Núcleo de Defesa da Mulher em Situação de Violência
– Telefone: (86) 3233-8504
– Endereço: Rua Joca Pires, 1000 – Bairro Jockey, Teresina-PI
Centro de Referência Estadual da Mulher em Situação de Violência – Francisca Trindade
– Telefone: (86) 99433-0809
– Endereço: Avenida Petrônio Portela, 1900 – Bairro Aeroporto, Teresina-PI
Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID)
– Telefone: (86) 99433-0809
– Endereço: Rua Mato Grosso, 268 – Centro, Teresina-PI
Central de Flagrantes de Atendimento à Mulher e a Grupos Vulneráveis de Teresina
– Endereço: Rua Coelho de Resende, s/n, Centro-Sul, Teresina-PI
– E-mail: cfte@pc.pi.gov.br
– Atendimento: 24 horas
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