
Os espectadores que foram aos cinemas assistir Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que concorre ao Oscar 2025 em três categorias, perceberam uma referência ao estado do Piauí. A canção Take Me Back To Piauí, composta pelo músico Juca Chaves, compõe a trilha sonora do longa de Walter Salles. Em aquecimento à maior premiação do cinema mundial, o Portal ClubeNews conta a história por trás dessa música.
A música foi lançada em 1972, considerado um dos períodos mais duros da Ditadura Militar. O Piauí, entre 1971 e 1974, teve muita repercussão no campo político, com a gestão do governador Alberto Silva. O momento representava a transição de um Piauí rural para um estado que se insere nos conceitos de modernidade.
As injustiças sociais também estavam presentes nessa época, apesar das grandes obras, regiões como o Morro da Esperança, na zona Norte de Teresina, era carente de serviços básicos. O doutorando em História do Brasil, Carlos Mota, explica que o Piauí era visto como o estado mais pobre do país, sinônimo de simplicidade.
“Essa música é muito simbólica, o compositor, apesar de não ser piauiense, comenta sua passagem na França, sobre como tem provado caviar e vivenciado experiências. Mas ele sente saudades do Brasil e da tradição. De certa forma, o Piauí, por muito tempo, foi conhecido como o estado mais pobre do Brasil. Então ocorre uma associação a uma tradição, ao lugar simples e a humildade, onde o acolhimento das pessoas compensava a ausência de infraestrutura”.

Carlos explica que, apesar de viver uma transição rumo a modernidade, o Piauí ainda era visto como um lugar tradicional em que muitas pessoas que moravam fora queriam retornar. “Muitas vezes, na música, ele fala que vai abandonar a vida de glamour e retornar para esse local tradicional. Acredito que muito dessa passagem é justamente de citar um espaço tradicional dentro da cultura brasileira”, destacou.
Importância da trilha sonora no cinema
Weslley Oliveira, idealizador audiovisual e documentarista, defende que sem uma boa trilha sonora as produções não chegam a um resultado ideal. O filme concorre em três categorias no Oscar: melhor filme, melhor atriz e melhor filme internacional.
“A trilha precisa apresentar e direcionar para os caminhos que o filme busca apresentar. Em Ainda Estou Aqui, por ser um filme de época, a trilha sonora ganha ainda mais importância. No caso desse filme, tem muita curiosidade em relação a isso. Foram músicas compostas durante a ditadura, algumas proibidas naquela época. Tem a música do Erasmo Carlos (É preciso dar um jeito meu amigo) que voltou às paradas coincidentemente dois anos após o falecimento dele”.
De acordo com Weslley, a trilha sonora do longa acompanha os momentos que a família da Eunice Paiva atravessava, além de ser uma oportunidade das novas gerações conhecerem os clássicos da música brasileira.
“A trilha musical influencia bastante na própria narrativa. Tanto nos momentos em família, de confraternização, como nos momentos na segunda parte do filme, quando já tem um tom mais sombrio e de tristeza, de angústia. Um filme também serve para isso: para gente reaproveitar certas músicas que já caíram no esquecimento das gerações novas, relembrar que a gente ainda têm muitas composições importantes”, acredita Weslley.

*Estagiário sob a supervisão do jornalista Carlienne Carpaso
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