
Momento central da fé católica, a Semana Santa reúne simbolismos e tradições que marcam cada um dos dias sagrados. Relembrando os acontecimentos que antecederam a morte e ressurreição de Jesus Cristo, os fiéis participam de celebrações que começam no Domingo de Ramos e seguem até o Domingo de Páscoa.
Neste ano, a Semana Santa ocorre entre os dias 13 e 20 de abril. As comemorações têm início com a recordação da entrada de Jesus em Jerusalém, quando, montado em um jumento, foi recebido com ramos e aclamado como rei. Os dias seguintes são marcados pela paixão de Cristo até sua ressurreição.
Em entrevista ao Portal ClubeNews, o padre Expedito Santos, pároco da Igreja de Senhora Sant’Ana, em Floriano, explicou que o período da Semana Santa é dividido em duas partes. Nos três primeiros dias após o Domingo de Ramos, durante a primeira leitura das missas, os fiéis acompanham o primeiro, segundo e terceiro Cântico do Servo Sofredor, que correspondem às celebrações de segunda, terça e quarta-feira.

Essas passagens são extraídas do livro de Isaías, no Antigo Testamento, e são consideradas profecias sobre o sofrimento de Jesus. Segundo o sacerdote, cada celebração da Semana Santa ressalta a fragilidade da humanidade diante da presença do Salvador.
“Esses três primeiros dias vão nos colocando mais perto de Nosso Senhor e vão nos mostrando quão fraco ainda é o ser humano. Todas as vezes que nós temos a chance de estar diante de Jesus, Ele exige naturalmente de nós uma decisão, e todos nós decidimos. Há aqueles de decidem seguir com Ele, tem os que decidem não ir, mas, diante do Senhor, não existe indiferença real. O fato de fingir um indecisão também é uma escolha”, explica.
Segunda-feira Santa
Neste dia é proclamado durante a Missa o Evangelho de São João. Segundo a tradição, seis dias antes da Páscoa, Jesus chegou a Betânia para uma última visita aos amigos que fez durante sua vida. Na ocasião, uma mulher lavou seus pés com um perfume caro e os enxugou com os cabelos.
De acordo com o padre Expedito Santos, o ato é considerado por Cristo como um prenúncio do que Ele enfrentaria na cruz. “Na segunda, Jesus é ungido com o perfume, e Ele diz que esse perfume caríssimo que essa mulher derramou nos seus pés era em vista da Sua sepultura”, explica.
Terça-feira Santa
O segundo dia é marcado pela última ceia de Jesus com os discípulos. É quando Ele glorifica a Deus e revela a vulnerabilidade daqueles que o acompanharam durante sua missão.
Segundo o padre, um dos momentos centrais da Terça-feira Santa é o diálogo entre Jesus e Pedro, que mais tarde se tornaria o primeiro Papa da Igreja Católica.
“Na terça-feira, Nosso Senhor fala da possibilidade de ser traído e também de ser negado. Temos então a imagem do apóstolo Pedro, que diz que jamais faria isso, e o Senhor garante que, na verdade, mais cedo do que Pedro imaginava, ele o negaria”, destaca.
Quarta-feira Santa
Com a entrega de Jesus à cruz cada vez mais próxima, a Quarta-feira Santa, também conhecida como Quarta-feira das Trevas, destaca a traição de Judas, ainda no contexto da Ceia. É um momento de reflexão profunda para os fiéis.
Em muitas paróquias pelo Brasil, é realizada neste dia a Procissão do Encontro. Nessa tradição, homens saem às ruas carregando a imagem de Jesus, enquanto mulheres, partindo de outro ponto, conduzem a imagem de Nossa Senhora das Dores. O encontro entre as duas imagens simboliza o reencontro entre Mãe e Filho no caminho da cruz.
Quinta-feira Santa
O quarto dia após o Domingo de Ramos marca o início do Tríduo Pascal, período que culmina na celebração da Páscoa. Neste dia, são renovadas as promessas sacerdotais diante do bispo local e ocorre a bênção dos óleos que serão utilizados nos sacramentos ao longo do ano.
Segundo o padre Expedito, as celebrações da Quinta-feira Santa ocorrem pela manhã e à noite. O primeiro dia do Tríduo é encerrado às 15h da sexta-feira, com a continuidade das liturgias da Paixão.
“Na quinta-feira pela manhã tem a Missa Crismal, que a Igreja dá esse nome porque o bispo diocesano renova, com seu presbitério, as promessas sacerdotais e ele abençoa os óleos que serão usados durante todo o ano no Batismo, na Unção dos Enfermos e na Crisma dos adultos que abraçam a fé católica, como também na ordenação dos novos padres e novos bispos. Essa Missa geralmente acontece pela manhã porque no final da tarde da quinta começa o Tríduo Pascal”, destaca.
Sexta-feira Santa
Este é o dia em que são celebradas a crucificação e morte de Cristo. Dessa forma, o segundo dia do Tríduo Pascal tem início com à tarde, com a Igreja em profundo silêncio pela morte do Salvador. O sacerdote pontua que a quietude dos fiéis permanece durante todo o sábado.
“Às três horas da tarde a gente se reúne para celebrar a paixão de Nosso Senhor, significando que nós o encontramos quando Ele subia para o calvário. Nós temos a chance e a oportunidade de ver presentes na liturgia da Igreja aquele acontecimento que começou a dividir o mundo. Aqueles que estavam dispersos viram o Senhor subir ao Monte, depois o viram ser crucificado como o Bendito Fruto que fez da nova árvore um Jardim do Gólgota, onde aconteceu a crucificação. Desta árvore nasce o Bendito Fruto, o menino da Virgem Maria, Unigênito do Pai, não tem mais vida, morreu, entrou na morte, e isso é perturbador”, esclarece.
Sábado Santo
Dando continuidade ao silêncio sagrado, os católicos preservam o recolhimento em memória do sofrimento e da dor enfrentados por Jesus na cruz. O Sábado Santo é marcado por esse clima de reflexão e tem seu encerramento na tarde do mesmo dia. Segundo o padre, esse é o momento de espera pela ressurreição prometida por Cristo em vida, que se concretiza no terceiro dia do Tríduo Pascal.
“No sábado o católico não tem muito o que dizer, o que falar, porque o Senhor foi morto, está sepultado, ou seja, desceu à mansão dos mortos, caiu no abismo da morte por nossa causa. Aqui nós não temos o que dizer, o que fazer. Nós permanecemos juntos à Virgem Maria, participamos da dor dela, que viu seu filho ser crucificado pela humanidade e aguardamos, então, a realização daquilo que um dia Ele disse, que ressuscitaria no terceiro dia. Muitos ficam porque creem nessa ressurreição e outros, que não guardaram essa informação, vão embora, se desesperam, mas ninguém sabe exatamente o que dizer para continuar”, declara.
Domingo de Páscoa
O dia mais importante do período pascal tem início ainda na tarde do sábado e é considerado pelo Catolicismo como o primeiro dia da nova criação. A celebração começa com a igreja às escuras, em um ambiente de silêncio que simboliza a expectativa pela vitória de Jesus sobre a morte.
O sacerdote explica que a liturgia inclui o acendimento de velas, representando o fortalecimento da esperança. Segundo o padre Expedito, o uso da palavra “aleluia”, que permanece suspensa durante a Quaresma, volta a ser permitido entre os fiéis a partir do Domingo de Páscoa.
Também neste dia ocorre o acendimento do Círio Pascal, uma grande vela branca que representa a luz de Cristo. O Círio permanece aceso até o Domingo de Pentecostes, sendo usada nas celebrações de Batismo.
“De repente, aparecerá um fogo novo, que receberá uma benção e acenderá as nossas velas para que a gente dê alguns passos a mais, para que a gente renove as nossas esperanças e espere um pouco mais. Nós vamos ouvir juntos todas as leituras, do momento da criação até o modo como o Senhor nos salvou e, quando chegar a plenitude dos tempos, a Igreja cantará novamente o Glória, os sinos tocarão, as luzes se acenderão e nós poderemos voltar a cantar Aleluia com alegria porque Aquele que estava morto agora vive e vive para sempre. Tudo o que nós fizemos durante todo o tempo da quaresma era esperando essa grande noite, que se tornaria luz para as nossas vidas”, disse.
Orientações aos fiéis
A Igreja Católica recomenda aos fiéis que durante o período quaresmal e Semana Santa sejam realizadas penitências visando alcançar o perdão de Deus, incluindo o sacramento da confissão até a tarde da Quinta-feira Santa.
O sacerdote explicou ainda ao Portal ClubeNews que os praticantes da fé devem participar das celebrações de cada dia, evitando associar as datas a meros feriados para descanso ou viagem.
Período Pascal
Após o Domingo da Ressurreição, é iniciado o período pascal, que consiste em sete semanas que antecedem o dia de Pentecostes, quando a Igreja celebra a descida do Espírito Santo sob os apóstolos. A comemoração ocorre cinquenta dias depois da Páscoa.
“O Senhor vai dizendo novamente, nos preparando para receber o Espírito, tudo aquilo que Ele já tentou nos dizer. O tempo da Páscoa é o tempo mais feliz da Igreja porque a cada domingo nós vamos revivendo essa mesma alegria, que o Senhor ressuscitou, de que Ele veio ao nosso encontro, de que Ele caminhou com os Seus quarenta dias após a ressurreição”, finaliza.
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