
Muitas famílias que convivem com o autismo sabem que, em alguns momentos, podem surgir crises de agressividade. Isso não significa que a criança ou adolescente “é agressivo por natureza”, mas sim que está expressando algo que não consegue colocar em palavras. O autista, diante de uma sobrecarga sensorial, de uma frustração ou de dificuldades de comunicação, pode reagir de forma intensa. Esse comportamento é mais comum do que se imagina, e precisa ser compreendido com empatia.
É importante entender que a agressividade, no caso do autismo, quase sempre é um pedido de ajuda. Muitas vezes, a criança está cansada, ansiosa, com dor, com fome, ou simplesmente não consegue lidar com o excesso de estímulos ao seu redor. Imagine sentir um desconforto enorme e não encontrar jeito de explicar: a reação pode vir em forma de choro, gritos ou até atitudes mais bruscas.
O tratamento adequado envolve acompanhamento com profissionais especializados, como neuropediatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais, que juntos ajudam a identificar os gatilhos dessas crises e a desenvolver estratégias para lidar com elas. Mas não é só isso: os pais também precisam de apoio e orientação para compreender o que está acontecendo e como agir nesses momentos. Ter calma, acolher, buscar redirecionar a atenção e evitar punições duras são passos fundamentais.
E quando estamos de fora, como observadores, temos um papel igualmente importante. Muitas vezes vemos uma mãe ou um pai em uma situação delicada, tentando acalmar o filho em meio a uma crise. O que essa família menos precisa é de olhares de julgamento ou críticas. O que mais pode ajudar é oferecer respeito, empatia e, se for possível, apoio. Um simples gesto de compreensão já faz enorme diferença.
O autismo nos convida a olhar além do comportamento e enxergar a pessoa. Agressividade não define quem a criança é, mas apenas um momento de dificuldade. Quando a sociedade se une para acolher, orientar e apoiar, a vida das famílias se torna mais leve. Por isso, a mensagem que fica é clara: antes de julgar, tente entender. Porque todo gesto de compreensão pode transformar o mundo de uma criança e de sua família.