A audiência de instrução de Francisco de Assis Pereira da Costa, 54 anos, e Maria dos Aflitos Silva ocorreu nesta sexta-feira (5). O casal, acusado de envenenar 10 pessoas da mesma família, voltou atrás da confissão e atribuiu a autoria do crime a uma das vítimas, Maria Jocilene da Silva, de 32 anos, vizinha da família.
Maria dos Aflitos foi a primeira a depor. Ela afirmou que, na noite do réveillon, a família estava reunida em clima de festa, mas no almoço do dia seguinte começaram os sintomas. Disse que uma das filhas preparou arroz, a pedido de Francisco de Assis, que sugeriu reutilizar a comida do dia anterior. Relatou que não almoçou porque estava de ressaca e só percebeu a situação quando encontrou um dos filhos passando mal.
A ré declarou ainda que Jocilene e Francisco mantinham conversas frequentes e que, quando ele foi preso, a vítima ficou nervosa e chorou, o que levantou suspeitas.
“Dos meus dois netos eu pensava mesmo que tinha sido o caju que a senhora tinha dado, mas aí depois ocorreu outro fato e achei que estava errado. Então comecei a desconfiar do Assis”, afirmou em depoimento.

Segundo Maria, no momento em que tentou acionar o Samu, Francisco alegou que o celular estava descarregado. Ela disse acreditar, inicialmente, que Lucélia Maria da Conceição, vizinha acusada injustamente de ter entregue cajus envenenados as crianças que morreram primeiro teria responsabilidade, mas voltou atrás.
“Eu acreditava que tinha sido ela, mas quando aconteceram as outras mortes eu desconfiei do Assis. Tá errado. E foi ele que matou meus filhos. Eu não tenho culpa e não tenho envolvimento. Estou pagando algo que não devo”.
Depoimento de Francisco de Assis
Em sua vez, Francisco chamou a companheira de “desequilibrada”. Ele afirmou que conviveu com Maria por seis anos e negou ter preparado o almoço do dia 1º de janeiro, atribuindo a tarefa a Jocilene.
Ao comentar sobre a morte de Ulisses Gabriel da Silva, 8 anos, e João Miguel da Silva, 7 anos, disse que ficou abalado.

“A gente ficou abalada com essa situação toda. Não tinha mais jeito e os meninos já tinham falecido. Todos os dois fui eu que escolhi o lugar para enterrar. Falei com o representante do bairro e ele arrumou um cemitério”, declarou.
Sobre o réveillon, contou que compraram três caixas de cerveja, alugaram mesas e cadeiras, e a festa terminou por volta das 2h da manhã. Disse ainda que não sabia cozinhar e reforçou que a refeição foi feita por Jocilene.

Francisco também mencionou rumores de que Maria e Jocilene tinham um relacionamento. “Eu deixava essas mulheres se resolverem à vontade. Se era isso que ela queria, era só falar que não queria mais”, disse.
O advogado de acusação questionou o réu sobre a versão apresentada, ressaltando que só agora, mais de um ano após o crime, ele atribui a culpa a Jocilene, que morreu envenenada e não pode se defender.
As vítimas:
- João Miguel Silva (sete anos de idade)
- Ulisses Gabriel Silva (oito anos)
- Manoel Leandro da Silva (18 anos de idade)
- Maria Lauane Fontinele Lopes Silva (três anos de idade)
- Francisca Maria Silva (32 anos de idade)
- Maria Gabriele Silva (quatro anos de idade)
- Lívia Maria Leandra Silva (17 anos)
- Maria Jocilene da Silva (41 anos)
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