Nesta semana, a Polícia Civil do Piauí deflagrou uma operação contra influenciadoras digitais que utilizavam o chamado Jogo do Tigrinho para atrair pessoas com a promessa de ganhos fáceis. Na prática, os apostadores acabavam entrando na estratégia e perdendo dinheiro. O problema já foi pauta na Câmara Federal e tem gerado prejuízos para milhares de pessoas.

O delegado Ayslan Magalhães, um dos responsáveis pela operação, detalhou o funcionamento das plataformas e o processo de regularização delas. Ele também esclareceu que o Jogo do Tigrinho e similares se enquadram como jogos de azar, proibidos pela legislação por dependerem exclusivamente da sorte.

“Os chamados ‘jogos do tigrinho’ são plataformas ilegais, diferente das bets esportivas que estão em processo de regularização no Brasil. Eles se enquadram como jogos de azar, proibidos pela legislação porque dependem apenas da sorte, sem qualquer habilidade. Muitas vezes estão ligados à lavagem de dinheiro e facções criminosa: funcionando sem fiscalização e deixando o usuários sem proteção em caso de fraude”, disse o delegado

Essa prática contribui para a disseminação de uma falsa percepção de lucratividade, levando muitos usuários a se envolverem em atividades que, além de ilegais, podem causar graves prejuízos financeiros e emocionais. Os divulgadores dos jogos exibem uma vida de luxo e altos ganhos, enquanto os aplicativos podem ser manipulados para favorecer os criadores de conteúdo, com o objetivo de enganar os apostadores.

“Segundo especialistas, essa prática contribui para a disseminação de uma falsa percepção de lucratividade, levando muitos usuários a se envolverem em atividades que, além de ilegais, podem resultar em sérios danos financeiros e emocionais”, afirmou Ayslan Magalhães

Na prática, esses sistemas são programados para viciar, oferecendo pequenos ganhos no início para estimular a continuidade das apostas, mas no final o prejuízo sempre é maior que qualquer vitória. Essa lógica transforma a diversão em dependência, levando pessoas a perdas financeiras significativas e até ao endividamento.

Operação Laverna  

Três influenciadoras da cidade de Parnaíba (PI) foram alvos da Polícia Civil, durante a Operação Laverna. Elas são suspeitas de promover plataformas de apostas ilegais, conhecidas como o “Jogo do Tigrinho”, e movimentar cerca de R$ 10 milhões. 

As investigações envolvem as influenciadoras Thaisa Costa Machado, que reúne cerca de 594 mil seguidores, Tereza Iva Gomes Freitas, com aproximadamente 128 mil seguidores, e Emília Magalhães Brito, que possui 93,2 mil seguidores. 

As suspeitas podem responder por crimes de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro, divulgação de loteria não autorizada e indução do consumidor a erro. 

“Essas plataformas operam sem qualquer autorização dos órgãos competentes, sem mecanismos de transparência ou auditoria, funcionando à margem da legislação nacional, à semelhança de cassinos online”, pontuou o delegado Ayslan Magalhães. 

Projeto na Alepi

A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) recebeu o projeto de lei do deputado Dr. Hélio (MDB) que propõe a criação do Programa Educacional Fim de Jogo, que trata dos malefícios dos jogos de azar e apostas. Para o parlamentar, a conscientização sobre os perigos deve ocorrer desde a infância.

As atividades previstas incluem estimular práticas alternativas de lazer, como leitura, esportes e cultura; incentivar o diálogo entre escola, família e sociedade; e o treinamento de docentes e demais profissionais da educação para reconhecerem sinais problemáticos entre os usuários.

“A implementação de um programa educacional que aborde esses temas de forma direta e didática se faz necessária para promover a conscientização desde a infância, prevenindo o desenvolvimento de hábitos prejudiciais. O projeto de lei visa a criação de uma cultura de uso responsável da tecnologia e de prevenção ao vício em jogos de azar”, disse Dr. Hélio.

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