
O motorista do trator, de 29 anos, que não teve a identidade revelada, foi indiciado por homicídio culposo pela morte de David Kauan Silva da Costa, de 12 anos. Embora não tenha tido a intenção de matar, ele vai responder criminalmente pelo atropelamento que ocorreu na madrugada do dia 22 de junho deste ano, no aterro sanitário de Teresina.
Segundo o delegado Thiago Damasceno, responsável pelo inquérito policial, catadores de lixo costumam dormir no local durante a pausa das atividades, entre 23h e meia-noite. Após esse intervalo, os veículos voltam a circular.
Na data do ocorrido, David Kauan não conseguiu acordar a tempo e acabou sendo atingido por um dos tratores. O inquérito aponta que a baixa iluminação e a falta de atenção do condutor contribuíram para a morte da criança.
“Foi uma fatalidade. O tratorista falou que conhecia o menino, era amigo da família. Mas lá é um local de baixíssima luminosidade. E ainda tem a questão da insalubridade, os catadores realmente dormem em qualquer lugar. Ficou constatado que o motorista sabia disso, então poderia ter agido com mais atenção”, explicou Thiago Damasceno.
Acidentes recorrentes
O inquérito também registra relatos de outros catadores, que afirmam que acidentes semelhantes já aconteceram no aterro. Em alguns casos, veículos chegaram a passar por cima de braços ou pernas de trabalhadores.
A investigação sobre a morte de David Kauan foi concluída em 28 de julho, um mês e seis dias após o acidente. O tratorista responde ao processo em liberdade.
Sonho em comprar uma bicicleta motorizada
O projeto do garoto foi tragicamente interrompido após ser atropelado por um trator de esteira, no aterro sanitário do bairro Dagmar Mazza, zona Sul de Teresina. Testemunhas, segundo a avó, informaram que David estava dormindo no local, coberto por um saco plástico, quando foi atingido pela máquina.
Em entrevista à TV Clube, Maria Albetiza disse David Kauan enxergava no aterro sanitário uma fonte de complemento para a renda da família e, com isso, ajudar a mãe, que trabalhava no local, mas que era contrária à presença do filho no aterro sanitário. Apesar das restrições, David constantemente fugia para o ponto de descarte de resíduos.
Órgãos se mobilizam para fim de aterro sanitário
Em nota, o Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) lamentou o falecimento e esclareceu que, juntamente com o Ministério Público do Estado, Tribunal de Contas do Estado e Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, busca “regularizar a inclusão socioprodutiva das catadoras e catadores de resíduos sólidos dos municípios piauienses”.
A regularização, conforme o MPT, tem como foco “o trabalho por meio das cooperativas e associações formadas por esses trabalhadores nos 13 maiores municípios geradores de resíduos, entre eles, Teresina. Reuniões já vêm sendo realizadas desde o início do ano com os representantes desses municípios”.
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