O corpo do músico Carlos Henrique de Araújo Rocha foi exumado, nesta sexta-feira (17), para uma nova perícia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML). As equipes estiveram no cemitério São Judas Tadeu, na avenida João XXIII, em Teresina (PI).
Os familiares acompanharam a coleta do material. “Nós só queremos esclarecimentos. Saber de fato o que aconteceu”, disse Carlos Batista Rocha, pai da vítima.
O músico morreu no dia 30 de maio de 2024, após um acidente de trânsito durante uma perseguição policial, na Zona Leste de Teresina, entre as avenidas Presidente Kennedy e Dom Severino.
O carro que estava Carlos Henrique colidiu no carro dos suspeitos perseguidos pelos policiais militares. A família acredita que ele pode ter sido morto por disparos de arma de fogo.
O laudo anterior, na época da morte, apontou morte por “ação contundente provocada por algum trauma” devido à colisão entre os carros.
Em 2024, a perícia não localizou perfuração por disparo de arma de fogo no carro ocupado por Carlos, que era dirigido por um motorista de aplicativo.
Devido os questionamentos dos familiares, a Justiça Militar decidiu por realizar a exumação do corpo. Segundo o advogado que representa a família de Carlos, o rapaz morreu após sair do carro.
“O processo ficou dessa forma, como se ele tivesse sido vítima de uma batida de trânsito, sendo que o corpo dele estava metros de distância do carro. Na verdade, ele desceu do carro, caminhou e aí foi alvejado com um tiro na cabeça, e tem a perfuração lá que mostra claramente que aquilo dali foi um tiro”, afirmou o advogado Lucas Ribeiro.
Conforme o pai do músico, Carlos Batista Rocha, câmeras captaram o momento em que seu filho faleceu, porém, as imagens não foram disponibilizadas à família.
“A gente tem dúvidas, porque eles não mostram as imagens para a gente. Há um ano e quatro meses, a gente vem lutando por essas imagens, para tirar da gente essa dor que sofremos. A gente vem passado por depressão; fazemos tratamento. A gente só quer a verdade, não queríamos que o corpo do nosso filho fosse exumado”, disse.
O ACIDENTE
Carlos Henrique tinha 24 anos e era baixista do cantor Júnior Masca. Ele morreu na madrugada de 30 de maio de 2024. O músico estava em um veículo por aplicativo, dirigido por Francisco Valderis, quando o carro em que eles estavam foi atingido pela SUV dirigido por Josep Machado.
O acidente aconteceu no cruzamento das avenidas Presidente Kennedy e Dom Severino, na zona Leste de Teresina. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte do músico foi politraumatismo, sem sinais de tiro. O motorista Francisco Valderir sobreviveu.
O acidente ocorreu durante uma perseguição policial. Josep dirigia a cerca de 93,7 km/h em uma via com limite de 60 km/h e avançou o sinal vermelho. Ele fugia após suspeitas de furto de cabos de telefonia. Com a batida, Carlos Henrique foi arremessado para fora do carro.
MOTORISTA VAI À JURI
Josep Machado da Ponte Netto Junior vai a júri popular por homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Ele é acusado de dirigir um carro que bateu em outro onde estavam o músico Carlos Henrique. A decisão é do dia 4 de setembro de 2025.
O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina aceitou o pedido do Ministério Público e entendeu que há provas suficientes para levar o caso a julgamento. A acusação afirma que Josep assumiu o risco de matar ao fugir da polícia em alta velocidade e ignorar a sinalização.
Bárbara Beatriz da Silva dos Santos, dona da SUV e passageira no momento do acidente, foi absolvida por falta de provas.
O QUE DIZ A PM
O subcomandante de policiamento especializado e presidente do inquérito da Corregedoria da PM, Mendes Júnior, também esteve presente na exumação. O policial confirmou que, “após a batida, o músico foi sacado a quase 90km/h, bateu no asfalto e chegou na entrada de uma farmácia próxima”.
“Muitos populares viram o rapaz sangrando pela cabeça, e por um entendimento meu, eles entenderam que ele havia sofrido disparo de arma de fogo. Foi feito a perícia e não foi provado isso, inclusive a causa da morte foi constatada como múltiplas fraturas”, disse.
O tenente-coronel afirmou que, “na cabeça do músico, tem um pequeno orifício e lembra uma entrada de projétil de arma de fogo, porém a caixa craniana não estava atravessada”.
“Eles mostraram isso para o promotor da Vara Militar, que decidiu pela exumação. Eu pedi perícias bem avançadas e complexas para verificar se existem indícios de nitrocelulose, zinco e cobre, que é da composição do projétil”, relatou
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